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Angelina Jolie revela que teve forte crise às vésperas da estreia de filme sobre Guerra na Bósnia; "Brad me pegou chorando"

Angelina Jolie e Brad Pitt na pré-estreia de "In The Land of Blood and Honey", em Nova York (5/11/11). Na véspera do evento, a atriz disse que chegou a chorar, com medo do que tinha feito - AP
Angelina Jolie e Brad Pitt na pré-estreia de "In The Land of Blood and Honey", em Nova York (5/11/11). Na véspera do evento, a atriz disse que chegou a chorar, com medo do que tinha feito Imagem: AP

ANA MARIA BAHIANA*

Especial, de Los Angeles

09/12/2011 08h54

Elegante num vestido de renda preta Dolce & Gabanna, Jolie tinha acabado de mostrar "In the Land of Blood and Honey" para um grupo de sobreviventes do conflito na Bósnia em Los Angeles, com a presença de seu elenco, atores nascidos na antiga Iugoslávia, e, todos, afetados diretamente pela guerra do início dos anos 1990.

“Ninguém sabe disso, nem meus atores, mas tive uma crise tremenda na véspera da première em Nova York”, Angelina confessa. “Brad me pegou chorando, soluçando, eu sabia que estava desabando. Tinha muito medo do que eu tinha feito, da responsabilidade. Temia não ser capaz de realmente expressar algo tão complicado, de fazer mais mal que bem.”

Jolie diz que escolheu a Guerra na Bósnia como tema de seu primeiro filme como diretora porque “é a minha guerra. É a guerra da minha geração. Eu tinha 17 anos quando o conflito começou, e quando comecei a me envolver com as Nações Unidas, uma prioridade para mim foi tentar compreender o conflito por todos os lados.”

 

Ela não esperava que um dia tivesse recursos “ou coragem” para transformar em filme o roteiro que escrevera “quase como um desabafo”. Angelina diz que  aproveitou suas experiências como atriz com Clint Eastwood e Michael Winterbottom para aprender o ofício de diretor. “Com Clint eu aprendi como é importante manter a alegria e a colaboração no set, transformando a equipe numa família. Com Michael, como trabalhar com a câmera, como torná-la invisível.”

"In the Land of Blood and Honey" é o primeiro mas não o último filme de Angelina como diretora. Neste momento ela está estudando um outro projeto, que se passaria no Camboja, pátria de um de seus filhos, Maddox. “A dificuldade aqui é que estou profundamente envolvida com o país, num nível emocional.”

Obrigada a rodar a maior parte do filme na Hungria por conta dos opositores do longa na Bósnia, Jolie também recebeu muitas elogios após a exibição do filme na noite de quinta-feira (8), em Sarajevo, para as associações das vítimas da Guerra da Bósnia. "Ela fez um filme fantástico para a Bósnia e Herzegóvina, Eu posso realmente dizer isso do ponto de vista da vítima", disse Murat Tahirovic, presidente da associação para os detidos (durante o período de guerra) da Bósnia, à televisão estatal, em Sarajevo.

Em outubro de 2010, um ministro bósnio cancelou as licenças para filmagem concedidas a Jolie alegando falta de documentação, depois que as mulheres vítimas da guerra se opuseram a alguns detalhes do roteiro, dizendo se tratar do amor entre um estuprador e sua vítima.

Vítimas da violência sexual na Bósnia chegaram a escrever à agência de refugiados da ONU, dizendo que Jolie não merecia seu papel como embaixatriz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), e que não conhecia o suficiente sobre o conflito.

Em entrevista ao jornal bósnio "Avaz", Jolie contou que principalmente as crianças e mulheres em situação de pós-guerra a motivaram a escrever e dirigir um filme sobre o assunto. "Nos últimos dez anos viajei ao redor do mundo e senti uma grande frustração ao ver como as pessoas em situações de pós-guerra ficam traumatizadas e decepcionadas por não acreditar que fizeram o suficiente por elas".

*Com informações das agências EFE e Reuters