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Com Leonardo Medeiros no elenco, cineasta retrata uma Brasília distante da praça dos Três Poderes

Cena do filme "Simples Mortais", de Mauro Giuntini - Divulgação
Cena do filme "Simples Mortais", de Mauro Giuntini Imagem: Divulgação

NATALIA ENGLER

Da Redação

14/12/2011 07h00

Em um fim de ano em que pipocam estreias nacionais nos cinemas, chega às telas nesta sexta-feira (16) “Simples Mortais”, dirigido pelo brasiliense Mauro Giuntini.

O filme divide-se entre três histórias: um professor universitário e escritor frustrado, vivido por Leonardo Medeiros, enfrenta uma crise criativa e no casamento; um funcionário público que faz bicos nas horas vagas tocando teclado em bares e restaurantes tenta convencer o filho a não desistir da faculdade para se dedicar à música; uma jornalista bem-sucedida entra em atrito com o namorado, um ator mais jovem que ela, quando decide engravidar.

“Minha inspiração foi a crise dos 40 [anos]. Eu queria fazer um filme que falasse sobre essa negociação que fazemos todos os dias a respeito do que vamos consumar e do que vamos sublimar – o conflito entre o querer e o fazer. E eu também queria fazer um filme com várias histórias, porque gosto desse formato”, revela Giuntini.


O cenário para essas três histórias é uma Brasília que foge dos cartões postais, longe da praça dos Três Poderes e de outros marcos da cidade. “Filmar em Brasília era uma necessidade. A atmosfera da cidade é muito presente no filme e constrói essa questão da perda da utopia. Também existe uma curiosidade muito grande de saber como é a vida em Brasília, longe da praça dos Três Poderes. Então, isso foi bom para o filme e é importante para a cidade. E Brasília ainda guarda muita estranheza, apesar de cada vez mais se parecer com outras cidades”, diz o diretor.

O longa é o primeiro de Giutini, que antes havia dirigido apenas curtas. Finalizado em 2007 e exibido em diversos festivais, "Simples Mortais" foi escolhido melhor filme pelo público do Festival Cinesul 2009 e ganhou os prêmios de melhor ator (Chico Sant’Anna) e melhor ator coadjuvante (Eduardo Moraes) no Cine-PE 2008.

Sobre a demora da estreia, Giuntini explica que, além da dificuldade natural de levar um filme de baixo orçamento para o circuito comercial, o longa ainda enfrentou outros percalços. “Um deles é que aqui em Brasília a gente passou por um processo de muita paralisia, uma crise muito grande, com o governador preso e tudo o mais, e isso atrapalhou para buscar fomento para distribuir o filme. Também tive problemas com duas distribuidoras que não cumpriram os contratos e acabei resolvendo distribuir por conta própria”, conta.


Leonardo Medeiros, que atualmente está no elenco da novela “A Vida da Gente”, da Globo, é o nome de maior visibilidade do elenco, formado principalmente por atores pouco conhecidos do grande público.

“Trabalhar com o Leonardo é muito bom. É um ator que desafia o diretor – a pensar o texto junto com ele, a marcar a câmera para ele. É um ator muito participante, muito cheio de opinião, com muita técnica. O trabalho cresce. Teve uma cena em que ele pega um travesti e a gente estava fazendo uma marcação da figuração muito realista. Ele saiu do carro e falou ‘Não, vamos fazer uma coisa para filmar, esquece a realidade’. Qualquer texto cresce na boca dele. Sai cheio de vida com essas pequenas improvisações e até com as falhas”, elogia Giuntini.

É provável que Medeiros também esteja no elenco do próximo projeto do diretor, provisoriamente intitulado “Plutão em Trânsito”, que deve começar a ser filmado em 2012. “É uma história só, bem simples: um casal que é separado, mas continua morando junto – por causa do filho e por questões econômicas. Como eles são muito amigos, ele começa a trazer uma namorada para casa, e isso causa vários problemas. É um filme sobre como a gente superestima as mudanças e subestima o comodismo”, conta o cineasta.