Topo

"Não teve muita surpresa", diz Cao Hamburger sobre convite para levar "Xingu" a Berlim

O diretor Cao Hamburger (de frente) discute detalhes de "Xingu" com o diretor de arte Cássio Amarante, o diretor de fotografia Adriano Goldman e o ator Caio Blat - Divulgação
O diretor Cao Hamburger (de frente) discute detalhes de "Xingu" com o diretor de arte Cássio Amarante, o diretor de fotografia Adriano Goldman e o ator Caio Blat Imagem: Divulgação

NATALIA ENGLER

Da Redação

05/01/2012 07h00

Mais uma vez o Festival de Berlim contará com ao menos um representante brasileiro em sua programação. “Xingu”, de Cao Hamburger, é um dos integrantes da lista de selecionados para a sessão Panorama, mostra paralela e não-competitiva do festival, que foi divulgada nesta terça-feira (3).

O filme, que tem produção de Fernando Meirelles e foi exibido pela primeira vez em novembro de 2011, no Amazonas Film Festival, em Manaus, acompanha a trajetória dos irmãos Villas-Bôas. Na década de 1940, Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas (Felipe Camargo, João Miguel e Caio Blat, respectivamente) juntaram-se às expedições organizadas pelo governo brasileiro para desbravar o interior do país. Eles acabaram tendo suas vidas transformadas pelo contato com tribos indígenas que encontraram pelo caminho e tiverem papel importante na criação do Parque Nacional do Xingu.

Em entrevista por telefone ao UOL Cinema, o diretor Cao Hamburger contou como recebeu a notícia da escolha de “Xingu” para o Festival de Berlim 2012.

“Não teve muita surpresa. Eles convidaram o filme e ficou apenas uma questão de se iria para o Panorama ou para a mostra competitiva. Disseram que resolveram pelo Panorama porque o line-up tem mais a ver. Recebemos o convite final um pouco antes do Réveillon e pediram para não divulgarmos nada até o anúncio oficial”, diz o diretor.


Carreira internacional
Cao espera que Berlim vá definir os rumos da carreira internacional de “Xingu”. “Já tivemos alguns convites no ano passado que não pudemos aceitar porque estávamos esperando uma resposta de Berlim. Agora vamos começar a carreira internacional, que já está se desenhando longa”.

Em relação a tentar uma indicação para ser o representante brasileiro na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013, o cineasta afirma que provavelmente o filme será inscrito no processo seletivo do Ministério da Cultura, mas que isso não é uma prioridade. No momento, diz ele, o foco é tentar levar o filme para outros festivais.

“A gente quer participar de festivais nos Estados Unidos – provavelmente Tribeca. E em Berlim também vamos participar do Mercado [Mercado Europeu de Cinema, evento de negócios que ocorre dentro do festival]. A expectativa é de conseguir distribuir o filme em vários países”, conta Cao. “Xingu” tem estreia nacional prevista para abril.

TEASER DO FILME "XINGU"


Prêmios
A pesar de não concorrer aos prêmios principais de Berlim, “Xingu” e as outras produções exibidas na mostra Panorama ainda podem receber o prêmio do público e premiações como as da Federação Internacional de Críticos de Cinema e da Confederação Internacional de Cinemas de Arte. Surpreso com a informação, Cao diz que não tem muitas expectativas em relação a prêmios.

“Mesmo quando levei ‘O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias’, que foi exibido na mostra competitiva, fui com uma expectativa muito baixa em relação aos prêmios, porque é o segundo melhor festival do mundo. Só de estar lá já é muito bom para o filme e para a carreira de todo mundo envolvido. Se os prêmios vierem, serão bem vindos, mas o prêmio já é estar na elite do cinema mundial”.

A equipe que vai acompanhar a exibição de “Xingu” em Berlim ainda não está definida, mas o diretor conta que a ideia é montar um “time de peso” para o festival. “Vamos levar o máximo de gente que puder ir – com certeza alguns atores – e espero que o Fernando [Meirelles] possa ir”.

Próximo trabalho
Enquanto espera pela definição da carreira internacional de "Xingu", Cao continua trabalhando no roteiro de “Isolados”, como já havia anunciado durante o Amazonas Film Festival. Escrito em parceria com a documentarista Maíra Buehler, o longa de ficção aborda a questão dos grupos indígenas brasileiros que permanecem em isolamento ainda nos dias de hoje. “O Festival de Berlim também vai ser uma oportunidade de mostrar e sentir como o tema é recebido fora do Brasil”, comenta o diretor.