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Conversão mal resolvida para o 3D tira a Força do relançamento de "A Ameaça Fantasma"

Divulgação
Imagem: Divulgação

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

06/02/2012 18h07Atualizada em 09/02/2012 20h33

Estreia nos cinemas nesta sexta-feira (10) “Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma 3D”, primeira de uma série de conversões para a terceira dimensão dos filmes da série de ficção científica que revolucionou a indústria cinematográfica com sua combinação de cultura pop, cinema de matinê e narrativa baseada em arquétipos mitológicos. O efeito é a nova aposta de George Lucas para estender a vida da saga a uma nova geração e proporcionar uma imersão nunca antes experimentada pelos fãs de “Star Wars”. Mas o quanto de fato contribui para isso?

A trajetória da saga “Star Wars” se tornou de muitas formas semelhante à conversão do garoto Anakin no vilão Darth Vader. O menino promissor no uso da Força e a série que se transformou em fenômeno blockbuster, ambos foram transformados em uma espécie de Frankenstein mantido vivo meio que à revelia por inovações tecnológicas. Darth Vader com sua armadura, respirador e implantes cibernéticos; a saga “Star Wars” retalhada em uma série de relançamentos domésticos em VHS, DVD, blu-ray e também nos cinemas, sempre prometendo aprofundar a experiência fazendo uso do fetiche tecnológico da vez. E se antes o fetiche era a adição de novos efeitos especiais, agora é a vez do 3D.

“A Ameaça Fantasma” foi rodado em 1999. Portanto, não pôde ser filmado com as câmeras especializadas para o 3D como nos filmes atuais, passando por um processo posterior de conversão. Infelizmente, a Força não é muito forte nessa conversão e é nítida a diferença entre os filmes rodados com o equipamento moderno e “A Ameaça Fantasma”. O efeito é sensível o bastante para na maior parte das vezes o espectador nem lembrar que o filme é em terceira dimensão. Em outros, ele se acentua demais e planos muito distantes ficam desfocados ou a maior claridade borra algumas cenas.

Quanto aos efeitos especiais, são o que se espera da mais avançada tecnologia cinematográfica de treze anos atrás. “A Ameaça Fantasma”, que originalmente já parecia participar de uma competição para incluir a quantidade máxima de efeitos especiais por centímetro quadrado de tela, ficou ainda mais confuso com a introdução do 3D.

O filme pode ser uma boa pedida para introduzir os mais jovens na saga usando como isca os efeitos especiais em terceira dimensão. Os fãs de longa data também podem tirar um proveito nostálgico desde que não esperem que a nova versão irá mudar radicalmente a experiência. E quem não se empolgou com os filmes da nova trilogia não deve esperar se converter assistindo aos filmes na nova versão. Prepare-se para ver Jar Jar Binks protagonizar os mesmíssimos episódios indutores de vergonha alheia, só que agora em terceira dimensão.

Porém, independentemente de traquinagens tecnológicas que pouco adicionam à história original, é sempre diversão garantida assistir a um filme de “Star Wars” na telona. A combinação no cinema da inesquecível trilha sonora de John Williams durante a abertura e nas lutas de sabre de luz ainda é de dar calafrios, mesmo nos títulos considerados mais fracos da saga. São nesses momentos que se percebe que, apesar dos defeitos que criaram uma relação de amor e ódio entre os fãs e George Lucas, a série ainda mantém a força que tinha quando apareceu pela primeira vez há muito tempo atrás, em cinemas não muito distantes.

Trailer HD de "Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma"