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Vilão de James Bond faz papel de médico que seduz rainha da Dinamarca em drama de época

Os atores Alicia Vikander e Mads Mikkelsen posam durante evento do filme "A Royal Affair" no Festival de Berlim 2012 (16/2/12) - Thomas Peter/Reuters
Os atores Alicia Vikander e Mads Mikkelsen posam durante evento do filme "A Royal Affair" no Festival de Berlim 2012 (16/2/12) Imagem: Thomas Peter/Reuters

Alessandro Giannini

Do UOL, em Berlim

16/02/2012 22h09

O ator Mads Mikkelsen, famoso pela interpretação do vilão Le Chiffre no filme "Cassino Royale" (2006), reinício da franquia James Bond, é um dos protagonistas de "A Royal Affair", uma história de intrigas e adultério na corte real dinamarquesa do século 18. Dirigido por Nikolaj Arcel, foi exibido nesta quinta-feira (16) em Berlim, com ótima recepção.

Concorrente aos Ursos de Ouro e Prata do festival, o filme reconstitui a escandalosa história do romance entre a rainha da Dinamarca, a nobre inglesa Caroline Mathilda, e o médico pessoal do rei Christian 7º, Johann Friedrich Struensee. De origem alemã e simpatizante dos iluministas, ele se apaixonou pela rainha e influenciou o rei para impor reformas revolucionárias no país.

O rei é interpretado pelo estreante Mikkel Boe Folsgaard, enquanto a rainha é retratada pela atriz sueca Alicia Vikander. Mikkelsen faz o papel de Struensee. "Eu sempre abordo os filmes da mesma maneira", disse ele, ao ser questionado de que forma tratou o papel. "Tento entender o que está na cabeça do diretor e o que está no roteiro. Os dramas de época raramente despertam qualquer sentimento em mim. Mas quando estava lendo este roteiro, fiquei muito, muito emocionado."


Questionado por que ele escolheu retratar o rei como insano, o diretor Arcel defendeu sua liberdade criativa. "Eu sou um contador de histórias, não um documentarista", disse ele. "Alguns dizem que ele era louco, outros que era inteligente. A teoria atual diz que ele era maníaco depressivo e sofria com as mudanças de humor."

Arcel disse que a história é de conhecimento geral dos dinamarqueses, que a aprendem na escola. O que o motivou a levá-la para o cinema foi justamente o fato de nunca terem ao menos tentado. "É uma história importante e emocionante", disse ele.

O cineasta  disse ainda que se inspirou nos melhores dramas ingleses de época, mas estava interessado em fazer mais do que reconstituir cenários e figurinos. "Eu acho que é muito mais uma homenagem às ideias do Iluminismo", disse Arcel.

O cineasta Lars von Trier trabalhou como produtor executivo e consultor de roteiro do filme. Arcel contou que o diretor de "Melancolia" o ajudou com dicas importantes no roteiro. "A certa altura, não sabia quem seguir, a rainha ou o médico, e estava prestes a desistir de tudo", contou. "Foi Lars quem disse para eu seguir os dois."