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Madonna diz que sentiu "conexão simbiótica" com amante de Edward 8º retratada em "W.E."

James D"Arcy e Andrea Riseborough em "W.E. - O Romance do Século", segundo filme dirigido por Madonna - Divulgação
James D'Arcy e Andrea Riseborough em "W.E. - O Romance do Século", segundo filme dirigido por Madonna Imagem: Divulgação

Ian Spelling

Do New York Times, em Nova York

07/03/2012 07h00

Madonna não nega: há alguma dose de si mesma, de suas próprias experiências, em “W.E. - O Romance do Século”, seu drama sobre Wallis Warfield Simpson, a eternamente controversa socialite americana por quem o rei Edward 8º da Inglaterra abdicou o trono em 1936.

“Isso obviamente foi um grande atrativo”, ela diz. “Eu sentia que me relacionava com aquilo. Na sequência das cartas no filme, quando leio muitas de suas cartas, a sensação é que eu poderia ter escrito algumas delas. Tipo: ‘Uma garota não pode simplesmente ter um descanso?’ Mas, sim. Eu acho que havia algum tipo de conexão simbiótica com o personagem dela.”

Madonna é poderosa e rica o suficiente para fazer o que quiser. Ela ainda está gravando e lançando música e está preparando uma grande turnê – que, sem dúvida, será uma produção imensa. Mas seu status de ícone no mundo da música nunca se estendeu à sua carreira cinematográfica.

Apesar de ter agradado ao público e à crítica em “Procura-se Susan Desesperadamente” (1985), “Dick Tracy” (1990), “Uma Equipe Muito Especial” (1992) e “Evita” (1996), o público manteve distância de filmes como “Surpresa de Shangai” (1986), “Corpo em Evidência” (1992), “Sobrou pra Você” (2000) e “Destino Insólito” (2002).

Mas como ela não é dada a desistir facilmente, deu continuidade à sua carreira no cinema e até mesmo fez dupla função em “W.E. – O Romance do Século”.


O filme, que estreia nesta sexta-feira (9), tem Madonna atrás das câmeras como diretora e corroteirista. A história se passa nos anos 1930, quando segue o romance entre Wallis (Andrea Riseborough) e Edward (James D’Arcy), e em 1998, quando Wally (Abbie Cornish) escapa de um casamento abusivo, se refugiando por horas para examinar os objetos de uso pessoal do duque e da duquesa de Windsor –como Edward e Wallis passaram a ser conhecidos após sua renúncia– que seriam leiloados na Sotheby’s. Wally foi batizada em homenagem a Wallis e é levemente obcecada pela falecida duquesa, até mesmo imaginando conversas com ela.

A primeira vez em que Madonna ouviu falar sobre Wallis e Edward foi no colégio, nas aulas de história inglesa do pré-guerra. "Mas eu não pensei mais nisso até me mudar para a Inglaterra”, diz.

“Eu estava desesperada para conhecer melhor o país para o qual tinha me mudado e não queria me sentir como uma estrangeira. Então fiquei muito intrigada com a família real e com a história da monarquia. Comecei a ler sobre Henrique 8º e Elizabeth 1ª, indo até a era da rainha Vitória e avançando até George 5º e Edward 8º”.

“Então eu me fixei ali, porque até aquela altura não havia um rei que tinha desistido do trono, certamente não pela mulher que amava. Isso me intrigou e fiquei pensando nessa ideia, a de um homem deixando esse posto poderoso”.

“Tentei entender a natureza do amor deles, do relacionamento, o que fizeram um pelo outro, o que deram um ao outro e o que ela tinha de tão especial, intrigante, magnético e poderoso para que ele fizesse esse sacrifício. Foi quando começou a pesquisa mais profunda”.

TRAILER DE "W.E. - O ROMANCE DO SÉCULO"


Escrever o filme foi bem mais simples do que dirigi-lo, diz Madonna, que antes dirigiu apenas a comédia pouco vista “Filth & Wisdom” (2008).

“Há menos pessoas envolvidas e você tem muito mais liberdade quando está escrevendo, é óbvio. Não há muita gente dando opinião. Quando você está no set de filmagem [como diretora], há milhares de pessoas ao redor, o relógio está correndo e há muita coisa que precisa ser feita em um período curto de tempo”.

O filme já estreou em alguns lugares no mundo, obtendo críticas mistas. E há a questão de “O Discurso do Rei” (2010) - que usa o relacionamento de Wallis e Edward para explorar a história do irmão de Edward -, que conquistou o Oscar de melhor filme em 2011 e pode ter roubado parte da força de “W.E.”.

“Apesar de ficar feliz com ‘O Discurso do Rei’, porque ele estabelece muitas bases para meu filme e dá às pessoas um ponto de referência, a única coisa – fora o fato de não ter gostado da forma como Wallis Simpson foi retratada – foi que não retrataram quão estreito era o relacionamento entre os irmãos. Eles eram muito próximos e foi uma experiência de partir o coração para ambos quando ele foi exilado, e não foi permitido que mantivessem contato”.

Além de “W.E.”, Madonna está profundamente envolvida em vários outros projetos. A cantora e sua filha Lourdes Maria já haviam lançado uma grife de moda, Material Girl, e Madonna pretende lançar outra ainda neste ano, Truth or Dare by Madonna. Seu 12º álbum de estúdio, “M.D.N.A.”, tem lançamento marcado para 26 de março.

Tradutor: George El Khouri Andolfato