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Nova comédia de Adam Sandler dispensa o politicamente correto e faz piada sobre pedofilia

Adam Sandler (esq.) e Andy Samberg (dir.) posam para fotos em evento de divulgação do filme "Esse É o Meu Garoto", em Cancún, México (17/4/12) - Divulgação/Sony
Adam Sandler (esq.) e Andy Samberg (dir.) posam para fotos em evento de divulgação do filme "Esse É o Meu Garoto", em Cancún, México (17/4/12) Imagem: Divulgação/Sony

Natalia Engler

Do UOL, em Cancun (México)*

17/04/2012 19h55

Numa época em que, no Brasil, humoristas como Rafinha Bastos levantam discussões sobre os limites da piada, Adam Sandler parece não ter freios. Seu novo filme “Esse É o Meu Garoto”, que estreia em 31 de agosto no Brasil, faz Rafinha parecer um recalcado – mas Sandler não está preocupado.

No filme, Sandler é Donny, uma ex-celebridade dos anos 1980. Ainda no colégio, o garoto tem um caso com a professora gostosa e é descoberto, o que resulta em fama, um julgamento por corrupção de menores e um filho para Donny criar. Cansado das maluquices do pai adolescente, o garoto, que recebe o nome de Hans Solo (Andy Samberg), se afasta dele quando completa 18 anos e assume uma nova vida, mas verá Donny reaparecer às vésperas de seu casamento e de receber uma promoção no trabalho.

Além de fazer humor sobre um caso de pedofilia, o filme, produzido pela companhia de Sandler, a Happy Madison, desfila piadas politicamente incorretas – uma stripper negra obesa, um vestido de noiva manchado de vômito e esperma, empregados chineses explorados pelo patrão e masturbação em profusão, entre outras.

  • Reprodução/IMDB

    Em "That's My Boy", Adam Sandler (esq.) vive uma ex-celebridade dos anos 80 que tenta se reaproximar do filho, interpretado por Andy Samberg (dir.)

“Nos meus outros filmes, nós fazíamos uma piada, olhávamos uns para os outros e dizíamos ‘não podemos fazer isso de verdade, é um filme PG13 [classificação norte-americana para filmes não recomendados para menores de 13 anos], não vai fazer sentido, não vão gostar’. E neste filme, a gente soltava uma piada e pensávamos que podíamos realmente fazer aquilo. Não acho que passamos do limite”, disse Sandler durante entrevista coletiva de “Esse É o Meu Garoto” no Summer of Sony, evento do estúdio em Cacun (México).

 

“Tem partes em que até dizíamos ‘não sei, pode ser que seja demais’, mas daí a gente mostrava para o público e eles ficavam loucos, funcionava. Eu fiquei chocado com como as pessoas dizem ‘é isso aí, manda ver’. Acho que o público está disposto a ir muito mais longe do que eu poderia esperar”, completou Samberg, comediante revelado no “Saturday Night Live”, que interpreta o filho de Sandler.

Histórias escatológicas também não faltaram durante a entrevista. Ao ser questionado se tinham algum objeto para lhes dar segurança quando jovens, como a cueca extra que o personagem de Samberg carrega no bolso durante o filme, Sandler disse que não, mas tinha outra maneira de se sentir seguro quando criança.

“Quando eu tinha cinco anos, até uns oito, na escola, eu costumava, de propósito, fazer xixi ou a outra coisa sentado na cadeira, na classe. Depois disso, eu levantava a mão, a professora vinha até mim e eu dizia que tinha tido um ‘acidente’. Daí eles ligavam para a minha mãe, que morava há cinco minutos, e ela vinha com cuecas limpas. E era minha maneira de ver minha mãe durante o dia”, conta.

Pai e Filho

Mas, o filme, insistiram os atores, é a história de uma relação entre pai e filho, o que levantou perguntas sobre como são essas relações na vida dos atores.

“Meu pai dizia sempre ‘Se um cara te empurrar, você corre’. Eu era uma criança muito baixinha, então, eu obedeci a esse conselho, eu levei muito a sério”, brincou Samberg.

“Como pai agora, eu realmente admiro o que o meu velho passou comigo. Meu maior objetivo com as minhas filhas é ter certeza de que eles tenham um bom dia, estejam felizes, sintam amor. Sou muito mole e cometo erros todos os dias. Minha mulher é melhor nisso e tem que me chamar e dizer ‘você precisa dizer não de vez em quando’. Eu nem consigo dizer a palavra não direito. Sou mais tipo ‘Não, acho que talvez você não deva atravessar a rua, aquele carro está vindo. Seria melhor, mas é você quem decide’”, contou Sandler, que é pai de duas meninas, de três e cinco anos.

* A jornalista viajou a convite da Sony