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Ultraviolento, americano "Os Infratores" faz jornalistas abandonarem sessão em Cannes

A atriz Jessica Chastain se junta ao ator Shia Labeouf (esquerda) e ao diretor John Hillcoat (direita) na sessão de fotos de "Os Infratores", em Cannes - AFP PHOTO / ALBERTO PIZZOLI
A atriz Jessica Chastain se junta ao ator Shia Labeouf (esquerda) e ao diretor John Hillcoat (direita) na sessão de fotos de "Os Infratores", em Cannes Imagem: AFP PHOTO / ALBERTO PIZZOLI

Thiago Stivaletti

Do UOL, de Cannes

19/05/2012 08h11

Este sábado (19) começou com um banho de sangue em Cannes. O filme americano de gângster "Os Infratores", estrelado por Shia Labeouf (de "Transformers") e Tom Hardy ("A Origem") é dos filmes mais violentos que já competiram no festival francês.

A trama se passa nos anos 30, época da Lei Seca nos EUA, quando os irmãos Bondurant comandam uma destilaria de uísque nas proximidades de Virgínia. Um oficial corrupto (Guy Pearce) ameaça os irmãos com extorsão. Tidos como invencíveis pela comunidade, eles não cedem, e a guerra toma proporções cada vez mais violentas – durante a exibição no festival, alguns jornalistas saíram antes do fim do longa.

É um bom filme, mas falta um pouco mais de força para ter chance à Palma de Ouro. Sua estreia no Brasil está marcada para o dia 14 de setembro.

Para ganhar intimidade para viver os irmãos Bondurant, Shia Labeouf contou que ele, Hardy e Jason Clarke foram pra academia malhar juntos. "O filme tem esse clima bagunçado, sujo, mais realista. As brigas não são coreografadas como num balé, e a violência vai aos extremos", disse.

O britânico Tom Hardy, que vem numa ascensão em Hollywood – depois de "A Origem" e "Guerra é Guerra", ele será o vilão Bane do próximo "Batman" –, diz que trabalhou com um preparador para incorporar o sotaque americano do personagem. E agradeceu a comparação com Marlon Brando feita por um jornalista. "Não posso dizer que me inspiro nele. Não vi 'O Poderoso Chefão’, nem ‘Sindicato de Ladrões’, nem ‘Um Bonde Chamado Desejo’. Mas fico feliz, claro."

Quem assina o roteiro é o músico Nick Cave. "O livro tem um sabor que me pegou logo de cara. A violência por si só é entediante, mas essa história tem uma boa mistura de violência e sentimentalismo". E comparou a época da Lei Seca com os dias de hoje: "a Proibição ainda existe, e continua a falhar absurdamente no seu cerco às drogas".

Hoje com 54 anos, ele fez piada sobre o passar dos anos. "Quem diz que gosta de envelhecer é porque ainda não ficou velho. Cada dia gosto menos de envelhecer. Minha memória está indo embora, tenho que aumentar a letra do texto. É uma porcaria, não recomendo a ninguém."

O diretor, o australiano John Hillcoat (do drama "A Estrada"), contou que se inspirou no clássico "Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas". E reforçou a ponte entre passado e presente. "Estamos de novo em uma era de instabilidade e insegurança, com crise econômica e política", completou.