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Planos-sequência de "Elefante Branco" impressionam mais do que o filme

Ricardo Darín e Jérémie Renier em cena de "Elefante Branco" - Divulgação
Ricardo Darín e Jérémie Renier em cena de "Elefante Branco" Imagem: Divulgação

Chico Fireman

Do UOL, em São Paulo

28/09/2012 11h00

Entre uma série de diretores sempre à procura de lirismo para contar pequenas histórias, Pablo Trapero ocupa um lugar bem particular no cinema argentino. É um cineasta que não tem medo de transitar pelo lado mais mais sujo do país, de apontar o foco para a criminalidade e de dar voz para personagens à margem da sociedade. Seu novo filme, “Elefante Branco”, que integra a seleção do Festival do Rio, é um belo exemplo. Um eficiente retrato de uma realidade que a Argentina não faz muita questão de mostrar.

Ricardo Darín, o ator mais requisitado do cinema portenho, interpreta um padre que tem como paróquia uma região suburbana próxima a Buenos Aires. Lá, seu papel é de apaziguador entre os traficantes do local, que vivem em guerra, e a polícia que faz vista grossa para o que acontece por ali. Embora a trama recorra a um mais-do-mesmo não muito diferente do que o espectador nos filmes brasileiros que tem as favelas como cenário, Trapero consegue compor uma visão multifacetada do caos que impera no lugar.

Essa habilidade fica clara nas muitas cenas rodadas em plano-sequência, sem cortes, que acompanham várias ações simultâneas com uma agilidade e um domínio de câmera que faz falta ao cinema de ação norte-americano. Como um maestro à frente de sua orquestra, num mesmo momento, Trapero coordena dezenas de atores amadores, movimenta a câmera para todos os lados, mantém um ritmo e administra a tensão. Boa parte destas cenas dura alguns minutos, o que dá ao trabalho um quê de tour de force. 

“Elefante Branco”, exibido no Festival de Cannes deste ano, é o primeiro longa de Trapero depois de “Abutres”, filme em que o diretor peca ao reproduzir a narrativa circular e fatalista herdada dos trabalhos de Alejandro Gonzalez Iñarritu. Embora ainda não mostre o cineasta em plena forma, como nos ótimos “O Outro Lado de Lei” e “Família Rodante”, este novo filme indica que Trapero parece estar voltando à direção certa.


Elefante Branco (Elefante Blanco) / (White Elephant), Diretor: Pablo Trapero. Argentina / Espanha / França, 2012. 110 min. Mostra: LATINA. Leg Elet Português. 16

28/9/2012 - Kinoplex Leblon 4 - 14:00 - KL001

28/9/2012 - Kinoplex Leblon 4 - 19:00 - KL003

1/10/2012 - Est Sesc Ipanema 1  - 13:00 - IP016

1/10/2012 - Est Sesc Ipanema 1  - 21:40 - IP020

6/10/2012 - Est Sesc Rio 2 - 12:30 - ER456

6/10/2012 - Est Sesc Rio 2 - 19:15 - ER459

10/10/2012 - São Luiz 3 - 14:00 - SL049

10/10/2012 - São Luiz 3 - 19:00 - SL051

* A programação é de responsabilidade da organização do Festival do Rio 2012. É recomendável checar horários e lotação no site oficial do evento ou nos telefones de informação listados.