Ator acredita que diretor que o cortou de "Homem de Ferro 2" foi punido por Deus
“Você é um homem religioso?”. “Sim”. O olhar fixo de Terrence Howard e o silêncio que tomou conta do ambiente depois de sua resposta diz muito sobre um homem que quer ser levado a sério. O ator, que está no Brasil para divulgar o longa “Sem Proteção”, destaque do Festival do Rio, é dono de um forte discurso religioso. “Estamos aqui para cumprir uma missão. Não uma missão para os homens, uma missão para Deus”, resume.
Mas, apesar de sua carreira estar prestes a completar duas décadas e de ter estrelado oito filmes nos últimos dois anos, parece que Howard acredita que não está na missão correta. “Só entrei nessa carreira para satisfazer minha mãe, que tinha o sonho de ser atriz. Eu queria ser um cientista, um engenheiro químico”, decreta. O ator afirma que não é seletivo na hora de aceitar papéis: “trabalho para sustentar minha família, para sobreviver”, explica.
A preparação para o pequeno papel que interpreta em “Sem Proteção”, dirigido pelo veterano Robert Redford, segundo o ator, se resumiu a ler duas vezes a Constituição. “Eu não quero mais interpretar personagens. Quero ser apenas eu”.
A viagem para o Rio e a sucessão de entrevistas que concedeu à imprensa brasileira deixaram o ator cansado e com a língua afiada. O ressentimento de Howard por ter sido cortado do elenco de “Homem de Ferro 2” está fazendo aniversário. Há dois anos, o ator, intérprete do personagem James Rhodes no primeiro longa do herói da Marvel, foi substituído por Don Cheadle. Howard nunca perdoou o diretor Jon Favreau.
“Jon provou que não é um amigo. Ele falou que estava tudo certo (para que o ator aparecesse em “Homem de Ferro 2”) e aconteceu o que aconteceu. Mas o tipo de lealdade que ele demonstrou por mim, alguém demonstrou por ele”, ironiza, lembrando do fato de que o próprio Favreau foi afastado do comando do terceiro filme do herói de metal. “Todo mundo tem que responder a Deus”, concluiu.
Howard chegou a assinar um contrato de US$ 8 milhões para estrelar três filmes do Homem de Ferro. A Marvel queria que ele devolvesse o dinheiro por ter sido eliminado das continuações. O ator afirma que o dinheiro é dele e avisa que nunca mais fará filme de super-heróis.
Mas Howard não guarda apenas farpas. O ator elogia o brasileiro Walter Salles, que o dirigiu em “Na Estrada”, adaptação para o cinema do livro de Jack Kerouac: “ele me colocou em cima do palco e me fez tocar meu saxofone como nunca alguém fez. Foi realmente inspirador”.
No entanto, com a morte da mãe, ele acredita que sua “missão” no campo da interpretação está concluído. “Eu consegui levar minha mãe ao Oscar. Ela viu o filho dela lá, entre os grandes”, afirma, com o sentimento de dever cumprido. Mas o ator vai precisar esperar um pouco antes de anunciar sua aposentadoria das telas. Segundo o site Internet Movie Database, o maior banco de dados de cinema na web, pelo menos 9 novos filmes com Howard no elenco já estão em produção.
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