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"Ladrão", destaque da Mostra, é genérico simpático de cinema independente americano

Cena do filme "Ladrão", de Matt Ruskin, em cartaz na Mostra de São Paulo 2012 - Divulgação
Cena do filme "Ladrão", de Matt Ruskin, em cartaz na Mostra de São Paulo 2012 Imagem: Divulgação

Chico Fireman

Especial para o UOL, em São Paulo

26/10/2012 05h00

Existe um certo cinema independente norte-americano que explora os personagens solitários das pequenas cidades do país. Este cinema, essencialmente masculino -- porque invariavelmente envolve comportamento violento, bebedeira e criminalidade --, tem alguns expoentes genuínos e muitos representantes genéricos. Este é o caso de “Ladrão”, primeiro longa-metragem de ficção de Matt Ruskin, um filme que parece um eco dos filmes que passeiam por esse universo.

O longa, em cartaz na 36ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, acompanha a história de Simon (um econômico Nico Stone), um rapaz que vive de pequenos golpes e se vê obrigado a cometer crimes maiores para ajudar seu irmão que foi preso. Ruskin, que só havia dirigido documentários, tenta mergulhar na vida cotidiana destes personagens marginais, mas parece nunca encontrar o tom certo para retratá-los.

O único que recebe um tratamento diferenciado do roteiro é Paul, o grandalhão gente boa vivido por Adam DuPaul, talvez mais por culpa do próprio ator do que do texto. DuPaul encontra espaço no roteiro para criar um equilíbrio difícil entre o personagem amigo e o criminoso. As cenas em que interage com Stone são as melhores do filme.

O protagonista mantém com Paul uma relação de confiança, parceria e reconhecimento, justamente o que falta em seu relacionamento com o irmão de sangue.

Mas os créditos não vão longe. Se existe algum talento em  administrar a crise silenciosa do protagonista, o tom melancólico adotado pelo diretor parece desvencilhado do restante do longa. O personagem não é apenas um estranho naquele mundo, mas parece não pertencer ao próprio filme.

As cenas em que visita a avó numa clínica de repouso parecem ter uma função de didática de deixar clara a natureza de Simon. É nesse cenário que surge o personagem de Seymour Cassel, um dos atores favoritos de John Cassavetes, numa espécie de homenagem e de referência explícita ao tal cinema independente macho. Entre obviedades e citações, “Ladrão” tem mais boas intenções do que é necessariamente um filme bom.

TRAILER ORIGINAL DE "LADRÃO", DE MATT RUSKIN


Serviço

"Ladrão", de Matt Ruskin (EUA)

Quando: sexta-feira (26), às 17h30
Onde: Cine Livraria Cultura 2 - Rua Padre João Manuel, 100 - Cerqueira César (sessão 724)

Quando: terça-feira (30), às 20h50
Onde: Espaço Itaú de Cinema (sala 6) - Rua Frei Caneca, 569 (3º piso) - Consolação (sessão 1065)