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"O Amante da Rainha" coloca Dinamarca com chances no Oscar de filme estrangeiro

Cena de "O Amante da Rainha", de Nikolaj Arcel - Divulgação
Cena de "O Amante da Rainha", de Nikolaj Arcel Imagem: Divulgação

Chico Fireman

Do UOL, em São Paulo

31/10/2012 03h21

A Dinamarca tem grandes chances de aumentar sua coleção de indicações ao Oscar de filme estrangeiro com o novelão “O Amante da Rainha”, que integra a seleção da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Seria a nona vez que um finalista dinamarquês chegaria à festa de Hollywood, que já premiou longas da terra de Lars Von Trier em três oportunidades. E este filme atende a várias expectativas da Academia.

Vejamos: 1) é um filme feminino, estrelado por uma rainha progressista que cede aos encantos de um homem igualmente masculino e sensível; 2) história real, de monarquia, com figurinos imponentes e direção de arte cuidadosa; 3) tem um elenco afinado, uma produção caprichada e é muito bem acabado; 4) o roteiro respeita todos os clichês do melodrama, com direito ápices, reviravoltas e um sentimento final de lição de vida. Um filme com mensagem.

Descrito desta forma, o quarto longa de Nikolaj Arcel pode parecer desinteressante, o que ele definitivamente está longe de ser. O cineasta tem uma habilidade rara para imprimir frescor a este tipo de material, refém do contexto histórico que geralmente impõe um peso difícil de se livrar. Mesmo acadêmico, seguindo as regras que desenham o gênero, “O Amante da Rainha” mantém um diálogo aberto com o espectador.

O filme é um exercício de timing, flui com uma naturalidade que poucos trabalhos de época conseguem ter. A primeira metade é impecável dentro do terreno que o diretor se predispõe a percorrer, com destaque para a interação entre os atores: Mads Mikkelsen faz um idealista clássico e Alicia Vikander personifica a mocinha ilustrada. Ambos estão corretos, mas perdem feio na comparação com Mikkel Boe Følsgaard, intérprete do rei louco, melhor ator no Festival de Berlim, numa das melhores atuações do ano.

Embora, em sua meia hora final, o filme peque pelos lugares comuns, Arcel termina sendo coerente com o formato de “conto” que adotou para a narrativa: há heróis e vilões, tramas e objetivos, lições e conquistas. Se ao fim da projeção, a sensação é de que “O Amante da Rainha” não traz nada de novo, por outro lado, o filme executa esse mais do mesmo com uma vitalidade que faz falta no cinema de gênero e que se resolve como um bom espetáculo.