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"Star Wars 7" pode fugir de tramas criadas em universo paralelo da saga

George Lucas em meio a personagens da Disney vestidos com trajes de "Star Wars" - Getty Images
George Lucas em meio a personagens da Disney vestidos com trajes de "Star Wars" Imagem: Getty Images

Ryan Nakashima

Da AP, em Los Angeles (EUA)

24/11/2012 07h00

Darth Vader está morto. O Imperador do mal explodiu após ser atirado em um poço gradeado. E Luke Skywalker e seus aliados destruíram as duas Estrelas da Morte, restaurando o equilíbrio da Força. Para a Walt Disney Company, a nova proprietária da franquia “Star Wars” (Guerra nas Estrelas), o que restou para ser contado?

Muita coisa, aparentemente.

Há mais de 110 romances e mais de 80 revistas em quadrinhos situadas após os eventos de “O Retorno de Jedi”, o sexto episódio da série e o terceiro que foi produzido. Todas essas adições ao chamado “universo expandido” foram aprovadas pela Lucasfilm Ltd., fundada pelo criador da série, George Lucas.

Isso deixa muito espaço para especulação desde que a Disney anunciou no mês passado a compra da Lucasfilm por US$ 4,05 bilhões e a retomada da produção dos filmes da série “Star Wars”, começando pelo episódio 7 em 2015.

Para os fãs, restam algumas perguntas.

Será que Luke arrumará um aprendiz de Jedi? Han Solo e a princesa Leia terão filhos? Quem será o vilão no filme? (A) Um Imperador ressuscitado; (B) o caçador de recompensas difícil de matar, Boba Fett; (C) algum novo líder corrupto do que restou do Império; ou (D), todos os anteriores?

Cada um desses cenários foi explorado de alguma forma longe da tela grande. Mas ninguém sabe se eles serão incorporados na próxima trilogia.

“No momento, todo mundo está literalmente apenas lendo folhas de chá”, disse Bryan Young, um observador de “Star Wars” e editor do blog Big Shiny Robot.

Os fatos até o momento sobre os anunciados Episódios 7, 8 e 9 são escassos: Lucas será o consultor criativo, mas não dirigirá os filmes. Kathleen Kennedy os produzirá como presidente da Lucasfilm. E o roteirista ganhador do Oscar, Michael Arndt, que escreveu “Pequena Miss Sunshine” e “Toy Story 3”, escreverá o roteiro do Episódio 7.

Uma das principais pistas a respeito da direção da próxima trilogia, segundo Young, é o fato de Lucas ter convidado Mark Hamill, o ator que interpretou Luke, e Carrie Fisher, a atriz que interpretou a princesa Leia, para almoçar há algum tempo, para lhes dizer que as sequências seriam feitas, revertendo as negações que fez ao longo dos anos.

Hamill falou sobre o almoço para a “Entertainment Weekly”, dizendo que também falou com Lucas cerca de três semanas antes do anúncio da Disney, e que perdeu uma chamada dele no dia em que o negócio se tornou público, em 30 de outubro.

A SAGA "STAR WARS"

  • Divulgação

    "Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma" (1999)

  • Divulgação

    "Star Wars: Episódio 2 - Ataque dos Clones" (2002)

  • Divulgação

    "Star Wars: Episódio 3 - A Vingança dos Sith" (2005)

  • Divulgação

    "Guerra nas Estrelas" (1977)

  • Divulgação

    "Star Wars: Episódio 5 - O Império Contra-Ataca" (1980)

  • Divulgação

    "Star Wars, Episódio 6 - O Retorno do Jedi" (1983)

Isso sugere que Luke e sua irmã nas telas, Leia, estarão envolvidos de algum modo na sequência. Afinal, seus personagens são os últimos membros da família Skywalker e os mais potentes portadores da Força que aparentemente restaram na galáxia. “Eu acho que essa é a melhor pista que temos”, disse Young.

Em resposta a uma pergunta da “Associated Press”, Hamill disse que não podia comentar mais a fundo, mas notou em um e-mail que “eu devo dispor de toda a informação que preciso muito em breve”.

Carrie Fisher, a Lucasfilm e várias pessoas que trabalham para a empresa se recusaram a comentar.

A ideia de que Luke voltará não diverge do que se sabe sobre os filmes ou do que foi dito ao longo dos anos.

Em 2004, Hamill disse ao Movieblog.com que as ideias de Lucas para as sequências vêm desde 1976, durante as filmagens do “Star Wars” original, quando o diretor disse que um Hamill mais velho teria um papel nelas.

Há apoio adicional à ideia de que Luke reaparecerá a partir dos filmes já lançados, incluindo “O Retorno de Jedi”.

E outras pessoas ligadas a Lucas já falaram publicamente sobre a ideia de que o drama familiar, que teve início com Anakin Skywalker e prosseguiu com seu filho Luke, continuará pelo menos nos próximos três filmes.

“São realmente nove partes de um só filme”, disse Rick McCallum, produtor dos episódios de prólogo, 1, 2 e 3, em 1999, segundo “The Secret History of Star Wars”, de Michael Kaminski.

A coesão sugerida por McCallum contradiz a natureza improvisada com que os filmes foram produzidos. Em diferentes momentos ao longo do tempo, Lucas disse que previu apenas um, três, seis, nove ou mesmo 12 filmes ao todo.

O livro de Kaminski reconta as múltiplas revisões de roteiro na maioria dos filmes, incluindo algumas discrepâncias que foram posteriormente encobertas. Por exemplo, em um momento, Anakin Skywalker e Darth Vader foram personagens separados, não a pessoa que conhecemos pelos filmes, que se rendeu ao mal.

Dada a proliferação de tramas e personagens no “universo expandido”, Kaminski disse que há uma boa chance de algumas dessas tramas serem descartadas, alteradas ou mesmo contraditas.

“Afetará o 'universo expandido' de um jeito ou de outro”, disse Kaminski. “Será difícil conciliar tantas coisas diferentes.”

A ideia de que os novos filmes divergirão do que já foi lançado é apoiada por Kennedy, que falou em um vídeo divulgado pela Lucasfilm logo após o anúncio do acordo com a Disney.

“Não será como uma série de livros como 'Harry Potter', onde já existe um modelo de como serão as histórias”, ela disse. “Estas são histórias originais e ideias originais saídas de um mundo que basicamente está na cabeça do George.”

Além das ideias gerais insinuadas pelos filmes –como Luke passando os ensinamentos Jedi– parece duvidoso que uma mente criativa como a de Lucas entregaria o resultado dos filmes a histórias que já foram escritas.

Isso significa que os fãs dos livros, histórias em quadrinhos e videogames do universo “Star Wars” podem vir a ficar decepcionados ou encantados com o resultado.

Mas se não houver surpresas, a aventura simplesmente não seria a mesma.

“Quase tudo é possível”, disse Jay Shepard, um editor de conteúdo do site de fãs TheForce.net. “Mas eu não acredito que será algum tipo de trama que já vimos.”

Tradutor: George El Khouri Andolfato