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Irmãos Coen e Jeff Bridges brilham na estreia do Festival de Berlim

Da esquerda para a direita: o ator Josh Brolin, os diretores Joel e Ethan Coen, a atriz Hailee Steinfeld e o ator Jeff Bridges participam do Festival de Berlim com ""Bravura Indômita"" (10/02/2011) - Getty Images
Da esquerda para a direita: o ator Josh Brolin, os diretores Joel e Ethan Coen, a atriz Hailee Steinfeld e o ator Jeff Bridges participam do Festival de Berlim com ''Bravura Indômita'' (10/02/2011) Imagem: Getty Images

10/02/2011 19h00

BERLIM, Alemanha - No papel do xerife Reuben J. "Rooster" Cogburn, o protagonista Jeff Bridges, dirigido pela dupla de irmãos cineastas Joel e Ethan Coen, foram o centro dos holofotes nesta quinta-feira, ao desfilarem pelo tapete vermelho do Festival Internacional de Cinema de Berlim para a exibição de "Bravura Indômita".

Inspirada no filme homônimo de 1969, a produção aborda a história da garota Mattie Ross (Hailee Steinfeld) que pede ao xerife beberrão para encontrar e matar o assassino de seu pai, num faroeste com traços de humor ríspido da filmografia dos Coen.

"Não sou o perpetuador de John Wayne. Adoro-o, mas não busquem em nosso filme uma espécie de híbrido com o de 1969. Nosso filme também não é um filme do gênero", declarou Bridges, presente em Berlim com um look bastante parecido ao do velho ébrio do filme, embora limpo e sem o tapa-olhos.

"Bravura Indômita" foi responsável por abrir a 61ª edição da Berlinale, que testemunhou em Hailee Steinfeld uma revelação da sétima arte. Mas, tal como expressam os irmãos Coen, a obra não pretende ser uma refilmagem daquela de quatro décadas atrás, dirigida por Henry Hathaway e baseada no livro "Bravura Indômita" (1968), de Charles Portis.

"Não buscávamos o remake. Vimos o filme quando crianças e tínhamos uma ideia mais ou menos vaga do que acontecia. Wayne não é um referencial para as pessoas da minha geração", corroborou Ethan Coen, entre assentimentos de seu irmão Joel.

Wayne é um "ícone", resumiu Bridges, para quem os irmãos cineastas têm "sua própria linguagem e sua própria relação com o mundo de morte e violência" do chamado oeste selvagem.

A comparação era inevitável e a refilmagem da obra que valeu a Wayne o Oscar de 1969 dividiu opiniões nesta quinta-feira no Festival de Berlim, polarizando os que o veem como um faroeste dos clássicos e os que o apreciam pelo humor corrosivo do selo Coen.

As cenas contêm características do humor contemporâneo dos diretores, mas nela há todos os tópicos do gênero faroeste - caçadores de recompensas, fugitivos, bêbados, rápidos no gatilho e nenhum minuto para o asseio pessoal. O novo "Bravura Indômita" se inspira mais no livro de Charles Portis que no roteiro da produção de Henry Hathaway, e quase sem nexos entre Bridges e Wayne.

Enquanto alguns buscavam estabelecer paralelismos nessa espécie de duelo entre atores ou fazer comparações com o histórico dos Coen, outros se deixaram arrastar pela magia de um filme que divulgou o brilho da jovem Hailee, no papel da garota de 14 anos decidida a vingar a morte do pai.

Hailee se afasta categoricamente dos estereótipos do gênero "filme com crianças", e foi aclamada por um festival tão escasso de grandes nomes como de descobrir talentos. Encantadora e determinada como no filme, a atriz disse que aprendeu a trabalhar rodeada por homens permanentemente rudes. "Passei três meses com eles, tempo suficiente para perder o medo".

O Festival de Berlim aclamou Bridges neste ano, muito mais do que a morna recepção que deu a ele em 1998 quando da exibição de "O Grande Lebowski".

Foi um bom início para um festival que nesta sexta-feira deixará de falar tanto sobre candidatos ao Oscar - "Bravura Indômita" acumula dez indicações - para se concentrar na corrida aos Ursos. Abrirão o desfile de candidatos dois estreantes na direção: o americano JC Chandor e a argentina Paula Marcovitch.

O primeiro concorre com "Margin Call", um filme centrado no colapso financeiro de Wall Street em 2008 e interpretado por Kevin Spacey, Jeremy Irons e Demi Moore. Já Paula Marcovitch, nascida em Buenos Aires e residente no México, disputa na Berlinale com o filme "El Premio", que aborda aspectos pouco explorados da ditadura argentina (1976-1983) na perspectiva de uma mulher e de uma menina de sete anos.

O Festival de Berlim oferece também um espaço para produções pouco exploradas, e uma seção de cinema gastronômico - no qual está o filme "El Camino del Vino", do argentino Nicolás Carreras.

E o Brasil estará representado na Berlinale pelo sucesso de bilheteria nacional "Tropa de Elite 2", de José Padilha, que traz à tona a guerra das favelas no Rio de Janeiro.