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Alcoolismo é tema do premiado francês "Um Novo Caminho"

No filme "Um Novo Caminho", o alcoolismo é o principal adversário - Divulgação
No filme "Um Novo Caminho", o alcoolismo é o principal adversário Imagem: Divulgação

29/07/2010 12h54

SÃO PAULO - A autenticidade de uma história de fundo real, baseada na autobiografia do jornalista francês Hervé Chabalier, é o forte de "Um Novo Caminho", drama francês que marca a estreia na direção do produtor Philippe Godeau e que estreia apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Indicado a cinco César, a premiação máxima da França, o filme venceu o troféu de melhor esperança feminina para a jovem atriz Mélanie Thierry.

O experiente ator François Cluzet (de "Paris") assume o papel do protagonista Hervé, um jornalista, dono de uma agência de notícias, que decide se internar numa clínica para se curar de um alcoolismo que vem destruindo sua vida pessoal e profissional.

Sustentando uma atuação interiorizada, Cluzet transmite a enorme tensão vivida por seu personagem, um homem atormentado pelos fantasmas da morte de uma irmã e as decepções de um passado idealista. Transmite, assim, a depressão que toma conta dele a esta altura e que o confronto com os demais pacientes da clínica, cada qual com seu perfil psicológico, não tarda a agravar.

Retratado em diversos tons em filmes como "Despedida em Las Vegas" (1995), "28 Dias" (2000) - sem esquecer o clássico "Farrapo Humano" (45), com Ray Milland - o alcoolismo recebe aqui um registro realista.

ASSISTA AO TRAILER DE "UM NOVO CAMINHO"

Em nenhum momento da história se evita abordar os aspectos mais brutais da doença, que são explicitados com chocante e proposital crueza por um médico que vai fazer uma palestra aos pacientes da clínica, vivido por Philippe du Janerand.

O tom realista mantém-se quando se revela a instabilidade de cada um dos pacientes que dividem o espaço com Hervé -como Pierre (Michel Vuillermoz), homem culto e divertido, mas que esconde a dor de ter destruído seu casamento com o vício pela bebida.

Detalhando o processo de enfrentamento destas pessoas com seu problema, que começa inevitavelmente pela negação -nenhum deles admite não ter controle sobre a bebida - o filme cresce ao passar longe da pieguice e do moralismo. O esforço de cada personagem diante do desafio de superar suas limitações é valorizado.

A rotina da clínica é rompida pela chegada de uma jovem, Magali (Mélanie Thierry), que, com sua rebeldia, desafia as regras e atrai a atenção de Hervé, que se apaixona por ela.

O sentimento e seus problemas humanizam ainda mais o protagonista que, afinal, consegue despertar mais simpatia do que no começo, quando sua introversão beirava o limite do insuportável.

Desdobrando pouco a pouco as camadas deste personagem, Cluzet revela-se uma escolha acertada para o papel que, na fase de pré-produção foi cogitado para os atores Daniel Auteuil, Dany Boon e Christian Clavier.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb