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Maternidade é o tema central de "Quando me Apaixono"

Helen Hunt protagoniza e dirige o filme "Quando me Apaixono" - Divulgação
Helen Hunt protagoniza e dirige o filme "Quando me Apaixono" Imagem: Divulgação

05/08/2010 11h24

SÃO PAULO (Reuters) - Na comédia dramática "Quando me Apaixono", que estreia apenas em São Paulo, brigam duas histórias que tentam coexistir, mas nunca conseguem direito.

A primeira é sobre uma mulher de quase 40 anos, cujo relógio biológico parece dar as últimas badaladas, ao mesmo tempo em que seu casamento chega ao fim. Ainda assim, ela não desiste da ideia de ter um filho -- e adoção não é uma opção.

A segunda história é sobre uma mulher de quase 40 anos, que, depois da morte de sua mãe adotiva, é procurada por sua mãe biológica. Esta é uma apresentadora de televisão relativamente famosa e meio megalomaníaca, que alega que a filha é o fruto de uma noite de amor com o famoso ator Steve McQueen. A filha não acredita em nada e a mãe precisa conquistar seu amor.

A atriz Helen Hunt (Melhor é Impossível), estreando na direção, tenta juntar essas duas linhas narrativas. Ela mesma interpreta April, professora primária, filha adotiva, mulher separada, órfã, que é procurada pela mãe biológica (Bette Midler, Mulheres - O Sexo Forte), tentando uma reaproximação.

Há também sua vida amorosa: abandonada pelo marido (Matthew Broderick, o eterno Ferris Bueller de Curtindo a Vida Adoidado), ela acaba se envolvendo com o pai de um aluno (Colin Firth, de Direito de Amar).

Helen, que corroteirizou o filme com Alice Arlen e Victor Levin, a partir de um romance de Elinor Lipton, no entanto, parece tentar evitar que os dilemas realmente cheguem aos seus limites. A história e a vida das personagens são carregadas por uma espécie de força do destino, na qual tudo é possível.

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A adoção é tratada de forma delicada e com certa complexidade. A personagem de Helen sonha em ser mãe, mas se recusa a adotar uma criança. Ela diz ao irmão, filho biológico de seus pais adotivos, que ele nunca soube o peso de ser um filho adotivo.

Ao que ele rebate, ela nunca conheceu o peso de ser uma filha biológica. Ela terá um longo caminho de aprendizagem --incluindo uma gravidez inesperada e a visita ao ginecologista com o ex-marido e o namorado. O médico, aliás, é interpretado pelo premiado escritor anglo-indiano Salman Rushdie (autor de Versos Satânicos)-- numa participação, no mínimo, inusitada.

A maior graça de "Quando me Apaixono" está na presença de Bette Midler, no papel da mãe desmiolada da protagonista. Seus estratagemas para conquistar o amor da filha são divertidos. Da mesma forma, a personagem traz uma dimensão peculiar para a maternidade. Quando a atriz não está presente em cena, o filme perde, pois os demais personagens são um tanto pálidos em comparação.

O título que deram no Brasil para o filme, "Quando me Apaixono" (o original é Then She Found Me, algo como, "Então Ela me Encontrou"), não poderia ser mais enganador.

Pode fazer o espectador pensar que se trata de uma comédia romântica, ou um romance, quando, embora existam elementos desses gêneros, é um drama focado na maternidade e na relação entre mãe e filha.

Os desencontros da vida romântica da protagonista até existem, mas estão num segundo plano.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb