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"Enterrado Vivo" faz suspense com claustrofobia e guerra

Ryan Reynolds é o único ator em cena no filme "Enterrado Vivo" - Divulgação
Ryan Reynolds é o único ator em cena no filme "Enterrado Vivo" Imagem: Divulgação

09/12/2010 11h41

"Você precisa de US$ 1 milhão de dólares até as 21h de hoje, ou será deixado para morrer nesse caixão." O ultimato dado ao motorista de caminhão Paul Conroy (Ryan Reynolds, de "A Proposta"), em "Enterrado Vivo", já diz muito sobre o que esperar desta produção, em que tensão, suspense e até críticas à guerra ao terror, empreendida pelos Estados Unidos, são a tônica desta claustrofóbica experiência.

Já nos créditos iniciais, o desconforto é imediato . Como o título indica, Paul foi enterrado vivo. Dentro do caixão, com pouco oxigênio, e munido apenas de um isqueiro e um celular, não entende o que está acontecendo.

A partir dos telefonemas aterrorizados que passa a dar, o público percebe o motivo do infortúnio: contratado como motorista de uma empresa norte-americana no Iraque, o comboio de Paul foi atacado por terroristas, que o fizeram refém em um sequestro.

TRAILER DO FILME "ENTERRADO VIVO"

O grupo rebelde, opositor da invasão dos EUA ao seu país, exige um resgate de US$ 5 milhões para deixá-lo partir - valor que sofre um desconto, quando o terrorista Jabir percebe que não há como receber tudo isso.

Para quem ligar? O governo irá liberar a quantia? As agências de inteligência norte-americanas aceitarão negociar com terroristas? O Exército conseguirá encontrá-lo com vida? Ele deve gastar o pouco de bateria para se despedir da mulher e filhos? Esses são apenas alguns questionamentos desesperados do protagonista.

O filme, do diretor espanhol Rodrigo Cortés, é cruel com Paul. O protagonista não sofre apenas com a ingrata situação, mas, sim, com a falta de esperança ao final de cada ligação. Ryan Reynolds, mais conhecido por filmes de ação (ele é o novo "Lanterna Verde") e comédias românticas, consegue dar fôlego ao filme, com uma performance inspirada.

O ator está sozinho em cena por mais de uma hora e meia de projeção, obrigado a carregar o filme nas costas. Assim, qualquer interpretação menos vigorosa seria sinônimo de catástrofe.

Causou surpresa, no entanto, que "Enterrado Vivo" tenha levado o prêmio de melhor roteiro original pela National Board of Review, antiga associação de críticos e formadores de opinião nos EUA, levando a melhor frente a "A Origem" (de Christopher Nolan). Há quem acredite que a premiação, que consagrou este ano "A Rede Social", de David Fincher, (melhor filme, diretor e ator), é um prenúncio do Oscar. Mas a história mostra, e as indicações de um e de outro confirmam, que isso nem sempre acontece.

(Rodrigo Zavala, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb