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Liam Neeson envolve-se em mistério de identidade roubada em "Desconhecido"

24/02/2011 13h11

Em trânsito em Berlim para uma conferência, o botânico norte-americano Martin Harris (Liam Neeson) sofre um acidente de carro. Acorda num hospital dias depois, sem qualquer identificação.

Ele fica preocupado, pois sua mulher (January Jones) está sozinha na cidade, e nem sequer fala alemão. Quando a reencontra, no hotel onde o casal está hospedado, ela não o reconhece, e apresenta seu marido, Martin Harris, agora interpretado por Aidan Quinn. Se este é Martin Harris, quem é então o outro cara?

"Desconhecido" gira em torno dessa questão. O tal Harris, de Neeson, fará de tudo para provar que o outro Harris, de Quinn, é uma fraude. Mas, se ele é um sujeito tão comum - apenas um botânico bem conceituado -, por que alguém se passaria por ele? E mais: por que sua mulher participaria da farsa?

As respostas, dadas em momento propício, fazem de "Desconhecido" um suspense metido a hitchcockiano, mas que, ao contrário dos filmes do inglês, pouco tem de sutil. Excesso de explicações e suspensão da realidade transformam o longa de Jaume Collet-Serra ("A Órfã") num passatempo insosso, sem grandes momentos ou criatividade.

TRAILER DO FILME ''DESCONHECIDO''

Em sua jornada em busca da identidade, o suposto Harris conta com a ajuda de Gina (Diane Kruger, de "Bastardos Inglórios"), imigrante ilegal vinda da Bósnia que teve sua família exterminada e agora vive clandestina. Também conhece um ex-agente da polícia secreta da antiga Alemanha Orienta, a Stasi, vivido por Bruno Ganz ("Asas do Desejo"), que o ajuda a desvendar um passado um tanto obscuro.

Harris está em Berlim para participar de uma conferência ao lado de um cientista alemão chamado Bressler (Sebastian Koch, de "A Vida dos Outros"), que descobriu um supermilho, resistente a pragas e que não pretende cobrar os seus direitos sobre a invenção. Talvez ele pense em erradicar a fome do mundo com polenta, pamonha e curau.

Esse é só um dos elementos sem pé nem cabeça do filme, que inclui uma mala esquecida na porta de um aeroporto, que não é roubada nem explodida pela segurança, mas guardada na seção de achados e perdidos, e também o comportamento estranho da mulher de Harris.

Collet-Serra está mais interessado nas cenas de ação, perseguição de carros, tiroteios e explosões. O conteúdo humano fica bem de lado, com seus personagens planos e pouco interessantes. O filme é intrigante até sua metade, mas, ironicamente, torna-se frustrante à medida que começa a delinear sua solução.

Neeson, um bom ator (vide trabalhos como "A Lista de Schindler"), aos 59 anos está se tornando heroi de filmes de ação. Depois de trabalhos como "Busca Implacável" e "Esquadrão Classe A", ele encontrou um novo nicho, que pouco explora suas possibilidades dramáticas - mas requer preparo físico.

(Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb