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"Se Beber Não Case! 2" abusa de grosseria e perde a graça

26/05/2011 14h56Atualizada em 26/05/2011 22h12

Qual é o limite quando uma piada cruza a linha e deixa de ser engraçada e se torna de mau gosto?

No Festival de Cannes, por exemplo, um comentário sobre Adolf Hitler numa entrevista coletiva resultou no banimento do diretor Lars Von Trier. Já em "Se Beber Não Case - Parte 2", um macaco simulando sexo oral num monge budista ou transexuais andando nuas num camarim atravessam, no mínimo, a linha do bom gosto.

"Se Beber Não Case - Parte 2", em circuito nacional, é mais do mesmo. Mas o que há dois anos, no primeiro filme, era engraçado, agora se torna repetitivo e exagerado.

O fiapo de narrativa que une os personagens segue mais ou menos o mesmo esquema do primeiro filme, também dirigido por Todd Phillips (que entre um e outro encontrou tempo para cometer "Um Parto de Viagem").

Suas comédias falam do macho norte-americano na faixa dos 30 anos e, a julgar por esses filmes, esse espécime tem uma grande resistência em se tornar adulto, o que acontece de forma forçada. Seria uma boa oportunidade para satirizar o mundo contemporâneo, mas, aqui, o diretor e sua equipe perderam a medida.

Agora, o noivo é o dentista Stu (Ed Helms) que, para evitar complicações, como aquelas que aconteceram em Las Vegas, troca sua despedida de solteiro por um café da manhã.

O casamento será na Tailândia, para agradar aos pais de sua noiva, Lauren (Jamie Chung ), que moram lá. Além de seus dois melhores amigos, Phil (Bradley Cooper) e Doug (Justin Barta), eles também precisam levar o chato Alan (Zach Galifianakis) e o irmão da noiva, o gênio Teddy (Mason Lee).

Para que o filme aconteça, a situação sai de controle por um motivo que só mais tarde se saberá. Stu, Phil, Alan e Teddy caem na bebedeira e se envolvem em mil encrencas, que incluem transexuais, monges, tatuagens e um macaco traficante.

Galifianakis, por sua vez, ficou famoso com o primeiro filme e aqui se repete. Seu personagem, Alan, é um sujeito de uns 40 anos que vive com os pais, não tem emprego e depende deles para tudo, até servir o seu jantar. O ator é engraçado, até o momento em que se torna irritante com a sua ingenuidade de criança de 10 anos.

Se esse é o segundo filme de uma trilogia, o terceiro poderá muito bem seguir a moda do momento e passar-se no Rio de Janeiro. Segundo a visão equivocada que muitos gringos têm do Brasil, o tigre do primeiro filme e o macaco deste poderiam muito bem acabar andando pelas ruas da cidade.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb