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"Não ouvi uma crítica negativa dos jovens", diz diretor de "O Hobbit" sobre filme em 48 fps

 Carlo Allegri / Reuters
Imagem: Carlo Allegri / Reuters

Zorianna Kit

Los Angeles

12/12/2012 12h12

Após dar vida à trilogia "O Senhor dos Anéis", baseada na obra literária de J.R.R. Tolkien, o cineasta Peter Jackson volta à Terra Média com "O Hobbit".

"O Hobbit: Uma Jornada Inesperada", primeira parte da nova trilogia --que narrativamente antecede à anterior-- estreia na sexta-feira (14) nos EUA.

O premiado diretor, de 51 anos, falou à Reuters sobre o filme em 3D, incluindo o formato a 48 quadros por segundo --o dobro da velocidade habitual-, o que causou polêmica entre fãs e críticos.

Você originalmente pretendia que "O Hobbit" tivesse apenas duas partes. Por que esticar para três?
Peter Jackson: Em julho, estávamos próximos de encerrar a filmagem e começamos a falar sobre as coisas que teríamos de deixar de fora dos filmes. Há material no final de "O Retorno do Rei" (última parte de "O Senhor dos Anéis"), nos apêndices, que acontecem mais ou menos na mesma época de "O Hobbit". Ficamos pensando: essa é a nossa última chance, porque é muito improvável que voltemos à Terra Média como cineastas. Então falamos com o estúdio, e no ano que vem vamos voltar para fazer mais 10 a 12 semanas de filmagens, porque agora estamos adaptando mais material de Tolkien.

E a que altura você decidiu que dirigiria o filme pessoalmente, depois de originalmente entregá-lo a Guillermo del Toro?
Na época (do roteiro), eu estava preocupado em (não) me repetir, e preocupado em (não) competir comigo mesmo. Achei que seria interessante ter outro diretor com um olhar fresco entrando para contar a história. Mas, depois que Guillermo saiu, tendo trabalhado no roteiro e na produção por bem mais de um ano àquela altura, eu estava muito ligado a isso emocionalmente. Pensei: esta é uma oportunidade à qual não vou dizer não

Você contratou o ator Andy Serkis, que faz o Gollum, para dirigir a segunda unidade do filme, algo que você nunca havia feito antes. O que levou você a entregar a tarefa a um novato?
Sei como o Andy queria dirigir. Um dos problemas com a segunda unidade é que você tende a ter uma filmagem conservadora que lhe é dada pelo diretor. Eles jogam no que é seguro. Eu sabia que não teria isso com Andy, porque ele tem uma energia muito feroz. Ele vai atrás e não recua. Eu sabia que, se Andy fosse o diretor, eu receberia um material interessante, que teria vida e energia.

O que lhe inspirou a fazer o filme em 48 fps (fotogramas por segundo)?
Quatro anos atrás, rodei seis ou sete minutos de um passeio do King Kong para o passeio de bonde do estúdio Universal na Califórnia. A razão para termos usado uma velocidade alta era que não queríamos que as pessoas pensassem que era um filme. Você quer esse senso de realidade que você obtém com uma alta velocidade de filmagem, (a sensação de) olhar para o mundo real. Na época, eu achei que seria muito legal fazer um longa-metragem com esse processo.

Nem todos abraçaram "O Hobbit" em 48 fps.
No último ano e meio há especulações, em grande parte negativas, sobre isso, e estou muito aliviado por termos chegado a este ponto. Estou esperando por esse momento em que as pessoas realmente possam ver por si mesmas. Os cinéfilos e críticos cinematográficos sérios que veem o 24 fps como sagrado são muito negativos (acerca da novidade) e absolutamente a odeiam. Todo mundo com quem falei com menos de 20 anos de idade acha fantástico. Não ouvi uma só coisa negativa dos jovens, e é essa garotada que está assistindo filmes nos seus iPads. São essas as pessoas que eu quero que voltem ao cinema.