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Embate entre religião e ciência é revisitado no drama brasileiro "País do Desejo"

24.jan.2013 - Cena de "País do Desejo", filme estrelado por Fábio Assunção e Maria Padilha. - Divulgação / California Filmes
24.jan.2013 - Cena de "País do Desejo", filme estrelado por Fábio Assunção e Maria Padilha. Imagem: Divulgação / California Filmes

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

24/01/2013 15h35Atualizada em 24/01/2013 23h33

O antigo debate entre ciência e religião é o que move "País do Desejo", novo longa do cineasta Paulo Caldas ("Deserto Feliz"), cuja trama envolve um padre (Fábio Assunção), uma pianista (Maria Padilha) e um médico (Gabriel Braga Nunes).

Recife e Olinda, onde as cenas foram filmadas, ganham nomes míticos de Pasárgada e Eldorado, o que pode ser uma tentativa de emprestar uma outra dimensão ao filme.

José (Fábio Assunção) é um clérigo um tanto anticonvencional, já que apoia a prática do aborto para uma garota de 12 anos, grávida de gêmeos, que fora estuprada pelo tio.

Quando isto acontece, o bispo (Nicolau Breyner) excomunga a menina, a mãe dela e o médico. Já o estuprador não é punido, o que gera mais revolta no sacerdote. Essa parte da trama é inspirada num fato real, acontecido em Pernambuco em 2009.

Esta é uma das decepções que o padre tem com a Igreja. Ainda assim, defende a fé sempre que entra em discussão com seu irmão médico, César (Gabriel Braga Nunes). Uma das pacientes é Roberta (Maria Padilha), uma pianista acometida por uma doença renal crônica. A personagem sofre uma crise enquanto está na cidade onde fica a paróquia de José.

VEJA TRAILER DE "PAÍS DO DESEJO", COM FÁBIO ASSUNÇÃO E MARIA PADILHA

Aos poucos, o padre se interessa pela pianista, e esse amor mudará o seu destino em vários sentidos. É nesse momento que o embate entre ciência e religião ganha alguns contornos mais nítidos no longa, roteirizado por Caldas, Pedro Severien e Amin Steppler. Mas essa questão permanece num campo mais superficial, nunca vai fundo.

Contando com um bom casal de protagonistas -- Maria Padilha e Fábio Assunção --, o filme nem sempre aproveita todo o potencial da dupla e as possibilidades que a trama oferece. A ação se dissolve em cenas, personagens e situações sem muito a dizer, como a enfermeira japonesa (Juliana Kametani), que lê mangás eróticos enquanto come hóstias com ketchup.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb