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65o. Festival de Veneza - 2008

08/09/2007 - 18h18
Ang Lee ganha Leão de Ouro em Veneza, com jurados tentando agradar a todos
ANTONIO LAFUENTE e ELISEO GARCÍA NIETO,
De Veneza

AFP

Brad Pitt em Veneza no último domingo (2)

Brad Pitt em Veneza no último domingo (2)

Veneza (Itália), 8 set (EFE)- O diretor taiwanês Ang Lee, com "Se, Jie" ("Lust, Caution"), venceu pela segunda vez o Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza, em uma edição (64ª) na qual o júri quis agradar a todos.

O francês Abdellatif Kechiche, autor de "La Graine et le Mulet", e o americano Todd Haynes, com seu "I'm Not There", receberam em condição de igualdade o grande prêmio do júri, que usou deste artifício para premiar dois filmes que tinham sido bem recebidos: o primeiro pelo público, e o segundo pela crítica.

Os latino-americanos também levaram alguns prêmios, com o mexicano-uruguaio Rodrigo Plá recebendo o Leão do Futuro (prêmio dado ao melhor filme de estréia de um diretor) por "La Zona" e o mexicano Rodrigo Prieto ganhando o prêmio de melhor fotografia, no filme consagrado de Ang Lee.

O Leão de Prata de melhor direção foi para "Redacted", um filme polêmico do americano Brian De Palma sobre a guerra do Iraque.

Nikita Mikhalkov, que este ano trouxe ao festival o filme "12", no qual faz um retrato da Rússia contemporânea e que foi aplaudido por crítica e público, recebeu um prêmio que não estava previsto: o Leão de Ouro especial pelo conjunto da obra.

O prêmio de melhor ator foi para Brad Pitt, por sua interpretação de Jesse James em "The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford". A vitória de Pitt foi surpreendente, devido à grande atuação de Tommy Lee Jones em "In the Valley of Elah" e à de Michael Caine em "Sleuth".

A australiana Cate Blanchett ganhou o troféu de melhor atriz, por sua interpretação de Bob Dylan em "I'm Not There". Ela é um dos sete atores que encarnam o poeta e cantor americano no filme, entre eles Richard Gere.

No geral, quem ganha no festival é Hollywood, confirmando a tendência do deslocamento de Veneza rumo a um cinema mais comercial, em uma tentativa de se transformar na filial de Hollywood na Europa e de competir com Cannes.

Apesar da certeza de que o festival se mantém fiel a sua tradição asiática - é a terceira edição consecutiva que um filme da região recebe o Leão de Ouro - a entrega do prêmio a Lee, que ganhou o Oscar há dois anos por "Brokeback Mountain", se aproxima também de Hollywood, já que o diretor está fixado nos Estados Unidos.

Em seu filme, Lee penetra, como um médico com seu microscópio, nos rincões mais desconhecidos da alma humana, como na relação nascida da humilhação, especialmente da sexual.

A obra, que segundo Lee se mantém dentro da linha traçada por "Brokeback Mountain", ou seja, a do psicodrama, tem um forte conteúdo sexual.

Entretanto, essas cenas não são supérfluas, pois é através delas que Lee faz essa análise da alma humana.

O filme está ambientado na Hong Kong e na Xangai da Segunda Guerra Mundial. Ao atrativo sexual, o diretor acrescenta a intriga dos filmes de espionagem.

Ao receber o prêmio, Lee agradeceu a seus companheiros do júri, descrevendo-os como "sete samurais que me salvaram", e brincou ao afirmar que o Leão de Ouro é realmente "um leão selvagem".

Sobre o Festival de Veneza, previu que chegará à 100ª edição e disse que "é um grande festival, como demonstra o fato de que aqui foram premiados diretores como Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni".

A cerimônia de entrega de prêmios teve um momento de grande emoção, quando o diretor italiano Bernardo Bertolucci recebeu o Leão de Ouro em homenagem aos 75 anos da premiação do Leão de Ouro.

Bertolucci, que estava acompanhado pelo iraniano Abbas Kiarostami e pelo americano Jonathan Demme - e andava pelo palco auxiliado por um andador -. declarou que o prêmio o fez pensar "nos milhares de filmes que passaram pelo evento durante todos esses anos".

"Acho que este prêmio tem um pouco de todos eles", concluiu o italiano.


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