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65o. Festival de Veneza - 2008

08/09/2007 - 16h58
Ang Lee conquista com "Lust, Caution" seu segundo Leão de Ouro em Veneza

Reuters

Ang Lee mostra o Leão de Ouro recebido por Lust, Caution

Ang Lee mostra o Leão de Ouro recebido por Lust, Caution

VENEZA, Itália, 8 Set 2007 (AFP) - O filme "Lust, Caution", do taiwanês Ang Lee, foi o grande vencedor neste sábado do Leão de Ouro da 64ª Mostra de Cinema de Veneza, o segundo que ele. Em 2005, foi consagrado pelo polêmico "O Segredo de Brokeback Mountain".

"Vocês são os sete samurais para mim; obrigado por tudo, é uma grande honra", declarou Ang Lee se referindo aos sete cineastas que compuseram o júri do festival, depois de receber o prêmio das mãos do diretor da mostra, Marco Müller.

"Foi uma experiência incrível realizar esse filme", acrescentou. "Dedico esse prêmio a Ingmar Bergman (falecido no fim de julho), que eu tive a chance de reencontrar durante a produção do filme."

Seu filme, de duas horas e meia de duração, narra uma difícil história de amor, ambientada na Xangai dos anos 40, durante a ocupação japonesa, entre a jovem estudante chinesa Wang Hui Ling (a estreante Tang Wei) e um alto funcionário chinês que colabora com o governo japonês e a quem a encarregam de assassinar.

Com longas cenas de sexo explícito e, inclusive, uma violenta sodomia, o filme entra na lista das produções que mais causaram escândalo em Veneza, pela crueza das imagens e, ao mesmo tempo, a poesia da narração.

Baseada no célebre romance da escritora Eileen Chang, o filme conquistou o júri formado por diretores como o mexicano Alejandro González Iñárritu e presidido pelo chinês Zhang Yimou.

Já o veterano diretor de cinema americano Brian De Palma conquistou o Leão de Prata por seu filme contra a guerra no Iraque, "Redacted", que denuncia os horrores do conflito utilizando apenas material que circula pela Internet.

O filme fala dos "danos colaterais" causados pelas tropas americanas naquele país e se baseia numa ocorrência verídica: o estupro, em março de 2006, por parte de uma patrulha de soldados americanos de uma adolescente iraquiana de 14 anos, que foi assassinada e incinerada junto com toda a família.

"De novo uma guerra insensata produziu uma tragédia insensata", declarou o diretor, que há 18 anos denunciou os horrores do Vietnã no filme "Pecados de Guerra".

"Redacted", que é a fórmula empregada pelos meios de comunicação para "limpar" as imagens mais cruéis da guerra, de maneira que não choquem o público e não dêem base para denúncias legais, deixa atônito o espectador no final quando apresenta uma série de fotografias de vítimas civis: crianças, mulheres grávidas e idosos.

De Palma se serve dessas imagens para denunciar que os meios de comunicação se autocensuram e estão a serviço do poder.

O diretor e ator de cinema russo Nikita Mikhalkov também foi premiado pelo conjunto de sua obra. O mestre da cinematografia russa, de 62 anos, apresentou o filme "12", que fala das conseqüências da guerra da Chechênia na sociedade russa.

Por outro lado, o surpreendente e divertido filme "La Graine et le Mulet", do cineasta franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, dividiu o Prêmio Especial do Júri do Festival de Veneza com "I'm Not There", do americano Todd Haynes, uma biografia anticonvencional de Bob Dylan.

A comédia de Kechiche, que narra as peripécias de imigrantes para sobreviver na França, encantou tanto a crítica quanto o público.

Kechiche, autor do premiado "L'Esquive" (2004) e "A Culpa de Voltaire" (2000), aborda temas como desemprego, família e racismo com um tom alegre e um ritmo tão genial quanto eficiente.

O trigo e o pescado, os dois ingredientes do título essenciais para fazer o cuscuz, tradicional prato árabe, servem de pretexto para narrar a vida das novas gerações de imigrantes na França.

Distante do cinema étnico ou documental, o filme encanta pela intensidade, criatividade e fantasia com que atrai o espectador, que, como alguns comensais do filme, esperam impacientes pelo prato de cuscuz que nunca chega.

"Ficamos comovidos pelo calor humano com que foi recebido nosso filme em Veneza. Esse calor humano é o que alimenta meu amor pelo cinema", declarou Kechique ao receber o prêmio no Palácio do Cinema do lido veneziano.

"I'm Not There", por sua vez, é uma biografia anticonvencional do cantor Bob Dylan, que é interpretado por seis atores diferentes, entre eles Cate Blanchett.

Na categoria interpretação, a Copa Volpi de melhor ator foi concedida ao ator Brad Pitt e o de melhor atriz coube coube à atriz australiana Cate Blanchette.

O ator americano de 42 anos, considerado um dos mais bonitos e sedutores de Hollywood, foi premiado por sua atuação no filme "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford", de Andrew Dominik.

Blanchett foi premiada por sua original interpretação de Bob Dylan, vivendo uma das tantas almas do cantor.

A atriz, que não se encontra em Veneza, enviou uma mensagem de agradecimento tanto pelo prêmio como pela possibilidade de fazer um filme tão complexo e original.


10/09/2007
08/09/2007