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25/08/2008 - 18h35

Veneza com menos americanos e presença forte do Brasil

MARIANE MORISAWA

Colaboração para o UOL
Nos últimos anos, o Festival de Veneza, o mais antigo do mundo, virou uma grande mostra de pré-estréias de filmes em língua inglesa, antecipando, inclusive, o Oscar. Em 2007, por exemplo, passaram pelo Palazzo del Cinema "Desejo e Reparação", de Joe Wright, "Conduta de Risco", de Tony Gilroy, "I'm Not There", de Todd Haynes, "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford", de Andrew Dominik. Essas produções garantiam também a cota de celebridades de que todo evento desse tipo necessita hoje em dia. Na 65a edição, que acontece entre 27 de agosto e 6 de setembro na cidade italiana, as coisas mudaram um pouco de figura.

AP
Marco Muller, diretor do festival de cinema, e Davide Croff, presidente da Bienalle di Venezia, mostram os preparativos da festa
Divulgação
Odajiri Joe e Tainá Müller em cena de "Plastic City", do do chinês Yu Likwai
Divulgação
Matheus Nachtergaele integra o elenco de "Birdwatchers", do italiano Marco Bechis
ZÉ DO CAIXÃO EM VENEZA
HOLLYWOOD EM SEGUNDO PLANO
Na competição, são apenas cinco os filmes totalmente falados em inglês: "The Wrestler", de Darren Aronofsky, "The Burning Plain", de Guillermo Arriaga, "Rachel Getting Married", de Jonathan Demme, "Hurt Locker", de Kathryn Bigelow, e "Vegas: Base don a True Story", de Amir Naderi, além do filme de abertura, "Burn After Reading", dos irmãos Joel e Ethan Coen. Astros como Brad Pitt, George Clooney e Charlize Theron ainda devem desfilar pelo tapete vermelho, mas é mais duvidoso que Veneza possa repetir a quantidade de oscarizáveis do ano passado.

Segundo o diretor do festival, Marco Müller, esta presença mais acanhada de Hollywood deve-se à greve dos roteiristas, que durou 14 semanas e empurrou o lançamento de algumas produções. Por outro lado, os prêmios que o cinema italiano levou em Cannes parecem ter motivado um reforço na representação do país na seleção, com três filmes em competição (mais a co-produção Brasil-Itália "BirdWatchers"), além de muitos outros espalhados pelas seções oficiais e paralelas.

O festival continua investindo forte nos filmes orientais - só para ter uma idéia, nos últimos anos, os vencedores foram "Desejo e Perigo", de Ang Lee, e "Still Life", de Jia Zhang-ke. Em 2008, competem pelo Leão de Ouro três japoneses: "Akires to Kame", de Takeshi Kitano, "Gake no ue no Ponyo", do animador Hayao Miyazaki, e "The Sky Crawlers", de Mamoru Oshii, também uma animação. Também vem do Extremo Oriente "Plastic City", do chinês Yu Lik-wai, que, no entanto, foi rodado no Brasil.

O país, aliás, manteve a força dos últimos festivais importantes - é bom lembrar que o Urso de Ouro foi para "Tropa de Elite" e que Sandra Corveloni foi a melhor atriz em Cannes, por "Linha de Passe". Se não há produção totalmente brasileira na competição, existem duas co-produções, ambas com atores nacionais no elenco e filmadas no Brasil. "BirdWatchers", do chileno radicado na Itália Marco Bechis, foi rodado no Mato Grosso do Sul, com índios nos papéis principais. "Plastic City" foi filmado em São Paulo, com Milhem Cortaz e Tainá Muller ao lado de atores da China e do Japão.

Também na seleção oficial, mas fora da competição, será exibido "Encarnação do Demônio", encerramento da trilogia de Zé do Caixão, dirigido por José Mojica Marins. É um feito incrível da Gullane Filmes, co-produtora dos três.

Na mostra Orizzonti, Julio Bressane retorna com "A Erva do Rato", adaptação de dois contos de Machado de Assis com Selton Mello e Alessandra Negrini. O curta-metragem "Do Visível ao Invisível", rodado pelo centenário Manoel de Oliveira em São Paulo, tendo no elenco o diretor da Mostra Leon Cakoff e o ator Ricardo Trepa, neto do cineasta português. Completando a esquadra verde-amarela, está a co-produção Brasil/França "Puisque Nous Sommes Nés", de Jean-Pierre Duret e Andréa Santana. E a atriz Alice Braga participa do júri do prêmio Luigi de Laurentiis, dado para o melhor filme de estreante.

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