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28/08/2008 - 09h34

"Tenho sorte de ser um cineasta", diz Takeshi Kitano

MARIANE MORISAWA

Colaboração para o UOL, de Veneza
Takeshi Kitano é figura freqüente no Festival de Veneza, onde seus "Hana-Bi" e "Zatoichi" foram premiados. Agora, ele volta à competição com "Akires to Kame" (Aquiles e a Tartaruga), recebido com pouco entusiasmo pela imprensa na manhã desta quinta-feira. O diretor fez uma tragicomédia sobre a arte, encerrando uma trilogia sobre o cinema ("Glória ao Cineasta!") e sobre a televisão ("Takeshis").

Reuters
O diretor japonês Takeshi Kitano ao lado da atriz Kanako Higuchi, durante sessão de fotos de "Akires to kame"
IMAGENS DE VENEZA EM 28/8
Desde criança, Machisu é elogiado pelas suas pinturas - o nome do personagem foi inspirado em Matisse. "Se eu usasse o nome de um artista japonês, pouca gente ia conhecer. Pensei no MoMA, em Paris, em Picasso, Modigliani, mas o nome mais fácil para os japoneses seria Matisse, por isso escolhi", disse Kitano na coletiva de imprensa.

"Gosto de pintura, acho que por isso escolhi um pintor como protagonista", disse Kitano, que também faz quadros por hobby. "Mas minhas pinturas não são apreciadas pelo público ou pelos críticos. Tentei mostrar que não é preciso ser bem-sucedido com suas pinturas, pode ser algo que você simplesmente gosta de fazer." Os quadros que aparecem no longa-metragem são de sua autoria, "para manter o orçamento baixo", brincou.

No começo, Machisu parece ser apenas um garoto que ama a pintura. Um menino é sempre uma promessa, uma esperança para o futuro, mas ela nem sempre se confirma. Uma série de tragédias acontece na sua vida - apesar de ser uma comédia, são muitas as mortes violentas -, e ele fica cada vez mais obcecado. Com o passar dos anos, o personagem tem dificuldades em se diferenciar e chega a extremos em nome da arte, negligenciando inclusive a segurança da família.

Kitano disse que se identifica num ponto com o personagem. "Sou um diretor. Sempre esperei ter um sucesso no mercado para meu trabalho e tentei imaginar o que um bom diretor deveria ser. Mas cheguei à conclusão de que tenho sorte de poder ser um cineasta."

Sobre o fato de concorrer novamente em Veneza, ele brincou: "Não estou pagando os organizadores do festival, juro". "Ganhei dois prêmios com quarto filmes. A porcentagem é grande, não peço mais. É uma honra estar aqui."

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