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29/08/2008 - 09h33

"Foi o momento mais feliz da minha vida", diz Arriaga sobre estréia na direção

MARIANE MORISAWA

Colaboração para o UOL, de Veneza
Guillermo Arriaga se saiu infinitamente melhor do que o também roteirista Charlie Kaufman em sua estréia como cineasta. Se "Synecdoche, New York", exibido em Cannes, provou que Kaufman continua sendo um roteirista interessante, mas não consegue, como diretor, transpor sua escrita para a tela, Arriaga, com "The Burning Plain", mostra-se mais competente. Exibido para a imprensa nesta sexta-feira (29) pela manhã, "The Burning Plain" foi recebido com alguns aplausos entusiasmados.

AFP
Ao centro, Arriaga posa o elenco de "The Burning Plain" J.D. Pardo, Charlize Theron, Jennifer Lawrence e José Maria
FOTOS DE "THE BURNING PLAIN"
IMAGENS DE VENEZA EM 29/8
Na coletiva de imprensa, Arriaga falou sobre essa primeira experiência como diretor. "Eu adorei cada momento deste trabalho. Posso dizer que foi o momento mais feliz da minha vida profissional, chegava ao set sorrindo todos os dias", disse.

Arriaga gosta das histórias paralelas, como as vistas em "Amores Brutos", "21 Gramas" e "Babel", seus trabalhos em parceria com Alejandro González Iñarritú, e aqui não é diferente. Mas, desta vez, o efeito parece menos artificial do que em seus roteiros anteriores.

Sylvia (Charlize Theron) é uma mulher aparentemente incapaz de ter relacionamentos. Em outra trama, dois jovens se conectam - ele é filho do amante da mãe da garota. E o espectador assiste a esse relacionamento entre um homem (Joaquim de Almeida) e uma mulher (Kim Basinger), ambos casados e mortos numa explosão.

"Esta é uma história que está pronta há uns 15 anos. Sempre me atraiu o deserto. A paisagem influencia as pessoas", disse Arriaga. "Este filme foi baseado em quatro elementos, cada história tem um elemento: água, fogo, vento, terra. E também é uma exploração do mistério de uma mulher."

Charlize Theron disse por que, como todos os atores, prefere os personagens imperfeitos. "Acho que é a mesma coisa que perguntar: por que as pessoas têm falhas? É quem somos. Eu acho que há algo muito real em ver um filme. Por que algo que acontece na tela emociona? Porque podemos ver nos neste momento", afirmou.

O roteirista e diretor também prefere as tramas não-lineares, que pulam entre tempos diversos. "Nós nunca contamos uma história linear, na vida", disse. Arriaga explicou o papel da morte nos seus roteiros - e agora filmes. "Sou obcecado com o peso da morte na vida das pessoas. Não sabemos quem somos até termos um relacionamento com alguém. As identidades são construídas pelas pessoas que amamos. Quando alguém morre, parte dessa identidade se perde."

Indagado sobre sua parceria com Alejandro González Iñarritú, com quem brigou após "Babel", ele respondeu elegantemente: "Acho que Alejandro é um grande diretor e já provou isso várias vezes. Fizemos três lindos filmes dos quais temos muito orgulho".

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