Saiu a segunda sessão de vaias do festival, e elas foram para "Plastic City", co-produção Brasil/China/Japão rodada majoritariamente em São Paulo. Em ambas as exibições para a imprensa, na noite desta sexta-feira 29, a obra recebeu vaias.
Dá para entender por que: o longa-metragem de Yu Lik-wai, de Hong Kong, começa como a história do poderoso contrabandista Yuda (Anthony Wong) e de seu filho adotivo, Kirin (Joe Odagiri). Um só quer saber do dinheiro, e o outro pensa buscar uma nova vida. Aos poucos, outros elementos vão sendo adicionados - até um tigre branco aparece na Amazônia.
No fim, "Plastic City" vira uma difícil mistura de filme de gângster, conflitos entre pai e filho, a variedade cultural e racial brasileira. A mescla de fantasia e realidade foi mal digerida pelos jornalistas - cerca de 40% deles deixaram a sala na primeira sessão.
"Há uma mudança de tom porque, no começo, é sobre uma família. Ele também fala sobre a sociedade contemporânea, mas não quis fazer um filme realista", disse o diretor na coletiva de imprensa, no sábado 30. "O filme mudou muito ao longo de um ano de trabalho, tanto em termos das relações como o pano de fundo", afirmou o co-roteirista Fernando Bonassi. "Não acho que é filme de gângster, é filme de gângster do século 21. Há uma promiscuidade entre poderosos e criminosos, no Brasil, China e tenho certeza que os italianos sabem do que estou falando."
Segundo Bonassi, foi necessário um ajuste de sintonia para que o trabalho fluísse bem. "Orientais e ocidentais pensam diferente. Primeiro, tentamos nos conhecer, afinar nossas visões de mundo para depois trabalharmos no roteiro. O filme foi um espaço comum de entendimento de duas culturas muito diferentes." A sessão oficial acontece na noite deste sábado 30.