A quinta-feira 4 começou com as imagens fortes da guerra na competição deste 65o Festival de Veneza. "The Hurt Locker", de Kathryn Bigelow, descreve de forma quase documental o trabalho dos soldados americanos responsáveis por desarmar bombas no Iraque. Jeremy Renner interpreta um desses homens - na tese da diretora, há alguns que se viciam na guerra e nesse trabalho de risco.

"Acho que há tragédia em todas as guerras. Quis dar a esse conflito uma face humana. E mostrar o que um soldado experimenta no Iraque, com o máximo de precisão, verdade e realismo", afirmou Bigelow na entrevista coletiva desta quinta-feira.

O longa-metragem trata os eventos com frieza, assim como os conflitos dos personagens. Os iraquianos são meros figurantes, mas também não fica claro se aquela é uma visão dos soldados americanos sobre o povo do país ou mesmo que o filme é feito exclusivamente sob o ponto de vista norte-americano. A recepção dos jornalistas na primeira sessão de imprensa foi tão desprovida de calor quanto o próprio filme.

Sobre a retirada das tropas do Iraque, Bigelow afirmou: "Eu espero e rezo para que eles sejam retirados. E acho que com a mudança que está acontecendo no país é possível. Só há um homem capaz disso, e ele é Barack Obama". Uma jornalista perguntou se a diretora acredita que, se o mundo fosse dominado por mulheres, a guerra não existiria: "Não sei. Eu teria esperança de que sim. Espero que a guerra fique obsoleta".

A cineasta não acha que o tema é batido, com tantas imagens da guerra sendo exibidas na televisão. "Na verdade, eu acho que há poucas imagens desta guerra na tevê americana. É uma guerra pouco documentada, pelo menos nos Estados Unidos. A idéia era trazer alguma informação ao público."