Mais que pelos filmes da competição ou pelas estrelas de Hollywood que visitam a Croisette, o Festival de Cannes mostra a sua verdadeira importância quando lembra (e festeja como deve) as grandes datas do cinema. O português Manoel de Oliveira completa 100 anos no dia 11 de dezembro, mas o festival comemorou hoje o aniversário numa homenagem histórica. Nesse século de vida, foram 78 anos dedicados ao cinema, com 46 filmes realizados.

A visita mais ilustre da cerimônia foi de outro grande diretor "velhinho": Clint Eastwood, 77, que já esta em Cannes para divulgar seu novo filme em competição, "Changeling" (A Troca), com Angelina Jolie e John Malkovich. Walter Salles e Matheus Nachtergaele representaram o Brasil. Entre os atores, Sean Penn, Jeanne Balibar e o francês Michel Piccoli, colaborador de Oliveira em filmes como "Vou para Casa" e "Sempre Bela".

O delegado-geral do festival, Thierry Fremaux, abriu a cerimônia lembrando que, além de Oliveira, completam 100 anos em 2008 o arquiteto Oscar Niemeyer e o antropólogo Claude Levi-Strauss. "Niemeyer nasceu no Brasil, Levi-Strauss passou muito tempo pesquisando a Amazônia e Oliveira vai com freqüência ao pais. Portanto, Clint Eastwood e Sean Penn, se vocês querem chegar aos 100 anos, já sabem o que devem fazer: ir ao Brasil", brincou.

Manoel subiu ao palco para receber a Palma de Ouro honorária pela carreira e encantou a todos com seu peculiar humor lusitano. "Subo hoje a esse palco para receber enfim uma Palma. E acho melhor que seja assim, porque não gosto das competicoes de filmes, a idéia de que um filme venceu o outro", disse. "Eu cresci com o cinema, e hoje, aos 100 anos, vejo que foi o cinema que me fez crescer".

Para encerrar, foi exibido em cópia restaurada o primeiro filme de Manoel, o documentário "Douro, Faina Fluvial" (1931).

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