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Mulher tem parada cardíaca, dá à luz e só depois é ressuscitada

Michele comemora o primeiro mêsversário da filha, Maisa - Arquivo Pessoal
Michele comemora o primeiro mêsversário da filha, Maisa Imagem: Arquivo Pessoal

Thamires Andrade

Do UOL

07/02/2017 17h49

Michele e Maisa Santiago, mãe e filha, sobreviveram a um parto muito delicado no hospital Memorial Guararapes, em Pernambuco. No dia 6 de janeiro, Michele chegou ao pronto-socorro e teve uma parada cardíaca quando estava prestes a dar à luz. A equipe médica, então, fez um parto de emergência enquanto a mulher parecia não ter sinais vitais.

De acordo com o obstetra Gláucius Nascimento, que fez parte da equipe responsável pelo parto, casos desse tipo são raros e ocorrem em torno de um para cada 30 mil nascimentos.

Quando chegou ao hospital, Michele estava com um quadro de pré-eclâmpsia grave [hipertensão na gestação] e sua pressão arterial não se estabilizou com a medicação. "Cheguei com dor de cabeça e na nuca, descobri que era pressão alta. Quando deitei na cama e recebi a medicação, comecei a passar muito mal. Senti uma queimação e fiquei com falta de ar. Virei para o lado e vomitei. Depois disso, não lembro de mais nada", explicou em entrevista ao UOL.

O coração dela parou de bater pouco antes do parto e, segundo Nascimento, foi preciso pensar rápido para fazer uma cesárea de emergência e salvar as vidas da bebê e da mãe. "Ela não chegaria com vida se a transferíssemos da sala de pré-parto para o centro cirúrgico. Graças a toda equipe, conseguimos fazer a cesariana em cinco minutos e retirar o bebê para que desfibrilassem a Michele. Quando a mulher está grávida e tem uma parada cardíaca, não podemos dar o choque para reanimá-la", explica Nascimento.

"O hospital parou. O material chegou muito rápido e foi como em uma situação de guerra. Pegamos a lâmina de bisturi, e não o elétrico como de costume, e operamos o quanto antes para salvar as duas. O bom foi que o anestesista logo conseguiu entubar a Michele e realizamos o parto no tempo. A equipe estava integrada, como uma orquestra, em cada que um precisa tocar seu instrumento para a música sair excelente", afirma Nascimento.

Maisa foi retirada em situação de morte aparente, mas Nascimento conta que, no primeiro minuto, ela já respondeu a uma ventilação por oxigênio e se recuperou. "Sabíamos que o caso era grave, então quando tivemos o desfecho positivo com a bebê, a equipe já se contagiou de alegria”, relembra.

Na sequência, Michele foi reanimada e voltou para o ritmo cardíaco normal. Ela ficou internada na UTI do hospital e, depois de alguns dias, foi transferida para o quarto. "Quando acordei na UTI, já botei a mão na barriga e minha mãe falou que minha bebê estava bem no berçário. Me acalmei. Foi um milagre", afirma.

Os médicos estudaram o caso de Michele e o diagnóstico foi que a mulher sofreu a parada cardíaca por conta de uma embolia pulmonar por líquido amniótico. “A causa não é conhecida, mas é como se o líquido tivesse formado um coágulo que se rompeu e poderia ter chegado no pulmão. É um evento raro”, explica Nascimento.

Atualmente, Michele segue tomando remédio para pressão. “Estou tranquila e agora posso fazer tudo e tomar conta e cuidar dela”, conta a mãe, que comemorou recentemente o mêsversário da filha.