Peraí, como é? Tom Hardy será Venom para abrir o “universo cinematográfico” do Homem-Aranha... sem o Aranha!
Por essa ninguém esperava. Segundo a Variety, Tom Hardy será o arquivilão Venom, no filme que chega aos cinemas em outubro de 2018. A direção será de Ruben Fleisher (Zumbilândia) e o estúdio espera começar uma espécie de "universo cinematográfico" em torno dos personagens que habitam as histórias do Homem-Aranha. Venom fará parte do grande esquema dos filmes da Marvel? Vai saber. O novo Homem-Aranha, que chega aos cinemas em julho com De Volta Ao Lar, e em seguida aparece em Vingadores: Guerra Infinita, dará as caras? Improvável, mas não impossível. Qual encarnação do Venom será abraçada por Hardy: o repórter Eddie Brock, o vilão Mac Gargan, o ex-astro de futebol e veterano de guerra Flash Thompson? Bom pergunta. Todas, por sinal, ainda sem respostas.
Mas vamos rebobinar a fita um pouco para digerir o principal: Tom Hardy, astro de Mad Max: Estrada da Fúria (e de mais um punhado de filmes espetaculares), com uma indicação para o Oscar nas costas (foi como ator coadjuvante em O Regresso), topou encabeçar o filme solo de um dos personagens mais divisivos dos quadrinhos em todos os tempos. Venom, um simbionte alienígena preso ao corpo de Peter Parker e, depois, ligado a Eddie Brock, foi criado quando as HQs buscavam criações "sombrias" e "violentas", uma tendência que quase desintegrou o mercado nos anos 90. De vilão ele passou a herói, foi explorado de todas as formas e hoje vive uma sobrevida como parte dos Guardiões da Galáxia (!). Se existe um retrato de tudo que pode acontecer de errado nos gibis de super-heróis, Venom divide a honra com o Spawn de Todd McFarlane (responsável, por sinal, pelo visual do vilão).
Mas Hardy não é o tipo de ator que vai entrar numa roubada. Ou seja, algo no roteiro de Scott Rosenberg e Jeff Pinkner chamou sua atenção – o bastante para ele assinar na linha pontilhada. Pode me chamar de cautelosamente otimista, mas se até anteontem a possibilidade de um "Aranhaverso" me soava não só ridícula, mas também como uma tentativa do estúdio em lucrar em cima do Homem-Aranha como parte da Marvel no cinema, hoje é possível enxergar alguma seriedade na empreitada. Mais uma vez: em Tom Hardy eu acredito. Ele pode trazer um senso de perigo e fúria que podem dar nova dimensão ao personagem. O que eu não tenho muita fé é no próprio Venom – e não estou sozinho nessa. "Venom é para os caretas", disse Sam Raimi, agarrando meu gravador, durante o lançamento de Homem-Aranha 2. "Seus leitores vão me odiar por isso." Posteriormente, Raimi não só teve de engolir o orgulho, como foi "convidado" a acrescentar o vilão no malfadado Homem-Aranha 3, em que Topher Grace (!!!) fez de Eddie Brock uma espécie de anti-Peter Parker, com sua transformação no simbionte conduzida de maneira canhestra.
Claro que Venom, na versão Tom Hardy, terá de se distanciar ainda mais dos quadrinhos – o que não é, a princípio, algo ruim. Afinal, não existe as Guerras Secretas e muito menos um Peter Parker para que a criatura negra crie sua primeira conexão na Terra. Sem Parker, a nova origem tem de ser muito esperta não só para justificar o filme solo, como também as semelhanças do vilão com o Homem-Aranha. Confesso estar curioso para ver o que o time de Venom vai bolar para que sua inclusão neste universo seja justificada – e para que exista espaço de interação com o próprio Aranha mais para a frente. De resto, tudo é pura especulação. Mas é oficial: Venom vai acontecer, e com um astro de primeira à frente da coisa toda. E é bom você, fã roxo, ir se conformando com o fato de que Tom Holland, o atual Aranha, jamais usará o traje negro do herói.
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