Atômica: Charlize Theron quer um "John Wick" para chamar de seu
Charlize Theron não é nenhuma estranha quando o assunto são filmes de ação. De coadjuvante em Uma Saída de Mestre a protagonista em Aeon Flux, ela teve super-poderes em Hancock, vilã sobrenatural em Branca de Neve e o Caçador e guerreira pós-apocalíptica na obra prima absoluta Mad Max: Estrada da Fúria. Atômica, porém, parece levar a coisa a outro patamar. O que começou como a adaptação da HQ de espionagem independente The Coldest City transmutou-se em veículo para a atriz arregaçar as mangas e embarcar numa jornada de sangue, sexo e violência – só coisa fina. Exibido em primeira mão durante o festival SXSW, no Texas, Atomic Blonde – título escolhido pelo estúdio na gringa e que mostra que eles não estão para brincadeira – é uma coleção de sequências que elevam o jogo no cenário dos filmes de ação e chega com a missão de dar a Charlize sua própria franquia (detesto essa palavra), dando novo fôlego à sua carreira. Mais ou menos como John Wick fez em 2014 com Keanu Reeves. Não é ao acaso que ambos os filmes tem algo em comum: o mesmo diretor, David Leitch.
O trailer é uma paulada e coloca a atriz em território totalmente desconhecido. Não é como Angelina Jolie em Salt ou mesmo Uma Thurman em Kill Bill. Assim como o mundo de Keanu Reeves em John Wick é uma representação exagerada do nosso, desenhado para os propósitos da trama, Atômica dobra a realidade para acomodar Charlize Theron em versão espiã/assassina implacável. A trama também é de uma simplicidade absurda: ela é Lorraine, agente do MI-6, o serviço secreto britânico, enviada a Berlim no auge da Guerra Fria para investigar o assassinato de um colega e recuperar uma lista de agentes duplos. E é isso. Em parceria com seu superior, David Percival (James McAvoy), o que se segue é uma série de pedaços de ação meticulosamente arquitetados para amarrar a trama. E Leitch, que fez seu nome em Hollywood como coordenador de dublês, já provou que colar uma narrativa com pancadaria coreografada como um balé de destruição é seu forte.
A plateia do SWSX abraçou a ideia e recebeu Atômica com entusiasmo. Entre eles, um convidado inusitado: Sam Hart, desenhista britânico de nascimento e brasileiro desde sempre, responsável pela arte de The Coldest City. "O filme ficou sensacional", derrete-se Hart, que teve a chance de conversar com Leitch e com McAvoy após a sessão. "Já a Charlize, bom, eu dei um oi de longe, a moça estava ocupada", brinca. Ele conta que a ideia do quadrinho, escrito por Anthony Johnston, era abraçar uma ambientação mais sóbria, ao estilo dos romances de espionagem de John le Carré, autor de O Espião Que Sabia Demais e O Alfaiate do Panamá. Mas confessa que ficou satisfeito com a guinada pop conduzida pelo diretor. "A mudança de nome faz total sentido", explica. "O estúdio queria que Charlize fosse o foco, até mais do que a trama, e o título entrega que o filme é mesmo sobre ela." A história em quadrinhos original, apesar de estar sendo negociada com algumas editoras no Brasil, permanece inédita por aqui: "Vamos ver se, com o filme, o interesse muda".
Atômica busca ser mais um alicerce do novo cinema de ação em Hollywood, cortesia de uma geração de realizadores que entende o poder da mistura de humor e violência, aliado a uma trama fácil de seguir, produção esmerada ao máximo e ancorada por astros dispostos a sair da caixinha. É a sensibilidade que vemos em Matthew Vaughn (Kick-Ass, Kingsman: O Serviço Secreto) e em Gareth Evans (os dois The Raid, batizado aqui Operação: Invasão), em Jordan Vogt-Roberts (Kong: A Ilha da Caveira é trabalho de artesão) e em Justin Lin (que transformou a série Velozes & Furiosos no colosso de hoje). É o que Rupert Sanders parece mirar em A Vigilante do Amanhã – Ghost in the Shell. E é o que David Leitch conseguiu ao lado de Chad Stahelski em John Wick. Stahelski, por sinal, continuou com Keanu na continuação Um Novo Dia Para Matar, e agora vai tocar o reboot de Highlander. Leitch agora vai fazer um dos filmes com mais olhos atentos a cada movimento: Deadpool 2. Entre eles, Charlize Theron arrebenta (e não sai ilesa, por sinal) dezenas, esvazia cartuchos de balas e ganha um par romântico tão inusitado quanto sensacional em Sofia Boutella. Atômica estreia por aqui em 3 de agosto.
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