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Novo filme tenta aproximar Power Rangers das franquias de super-heróis

Eduardo Graça

Colaboração para o UOL, em Vancouver (Canadá)

22/03/2017 11h52

Lá se vão vinte anos desde a última encarnação dos Power Rangers no cinema. Pois sob a batuta do diretor Dean Israelite (de “Projeto Almanaque"), uma nova gênese para a história dos cinco adolescentes da cidadezinha californiana de Alameda dos Anjos eleitos para salvar o mundo de uma invasão alienígena chega às telas nesta quinta-feira (23) com clara distância estética da série televisiva, uma personagem abertamente gay, um elenco de coadjuvantes de peso encabeçado por Bryan Cranston (na pele do sábio Zordon) e Elizabeth Banks (como a vilã Rita Repulsa), e orçamento estimado em US$ 105 milhões.

"Não há nada de pequeno neste filme", dizia o produtor Marty Bowen, no gigantesco set localizado na costa oeste canadense, há alguns meses. "A ideia foi a de modernizar os Power Rangers, deixar de lado o visual mais kitsch do passado e trazê-los para o século 21, para uma estética mais próxima dos super-heróis do cinema de hoje".

Bowen foi figura central para tirar do papel as franquias “A Saga Crespúsculo” e “Maze Runner” e o sucesso “A Culpa É das Estrelas”, e fechou uma parceria com a Saban Brands pouco depois do criador dos “Power Rangers”, Haim Saban, readquirir os direitos de adaptação para o cinema de seus personagens, em 2010.

Os dois filmes dos anos 1990 não foram exatamente um sucesso de público ou crítica, e o principal desafio da equipe técnica foi sofisticar os personagens sem alienar a base dos fãs interessados em repetir "Go Go Power Rangers" e preparar terreno para uma nova sequencia de filmes.

"Os primeiros 'Maze Runner' e 'Crepúsculo', no entanto, foram filmes com orçamento bem mais modestos. Aqui, a responsabilidade é maior, e nossa expectativa é que [o diretor Dean] Israelite faça pelos Power Rangers o que Tim Burton fez por Batman", diz, sem modéstia, Bowen.

Novos Rangers

A primeira tarefa central do diretor foi encontrar o quinteto central do filme. A ordem era buscar atores mundo afora e apostar na diversidade cultural e étnica, com um olhar no mercado internacional.

Jason Scott, o Ranger Vermelho, ficou sob os cuidados do australiano Dacre Montgomery, recém-saído da escola secundária, em seu primeiro trabalho profissional. O Ranger Azul, Billy Cranston, é o divertido RJ Cyler, ator negro conhecido do público pelo indie “Eu, Você e a Garota que Vai Morrer”. A Ranger Rosa, Kimberly Hart, é a inglesa Naomi Scott, na pele da garota popular da classe que faz algo terrível e busca redenção. A Ranger Amarela, Trini Kwan, é papel da pop star californiana Becky, personagem que se descobre gay. E o Ranger Preto, Zack Taylor, é agora encarnado pelo musculoso Ludi Lin, canadense de origem chinesa.

"O filme é uma grande metáfora sobre crescer, virar adulto, amadurecer, e de como é importante entrar em contato com pessoas diferentes de suas tribos", diz Naomi Scott. "É sim sobre ter poderes e salvar o universo, mas também sobre respeitar e aprender com o outro".

Todos os Rangers treinaram arduamente durante três meses para criar uma espécie de coreografia própria, um mix de muay thai, MMA, boxe, kickboxing e exercícios de crossfit. Os uniformes foram todos desenhados pela Weta Digital, a mesma de “O Senhor dos Anéis” e “A Grande Muralha”, e Zordon, o Alpha-5 –agora uma uma espécie de R2D2 dos Rangers– e o Megazord foram recriados com imagens produzidas por computadores.

"Mas toda a tecnologia não deixa em segundo plano a mensagem central do filme, que é o fato de eles só conseguirem usar seus poderes se estiverem em grupo, o senso de comunidade é fundamental aqui", diz o diretor Dean Israelite. "Há, até, uma homenagem ao cinema de John Hughes na cena em que eles se encontram pela primeira vez, uma clara referencia a 'Clube dos Cinco'. A ideia foi imprimir humanidade e realismo a esta história completamente fantástica", conta.

Israelite não nega que fez um filme à la Lionsgate, ou seja, com a clara possibilidade de ser o pontapé inicial de uma franquia. "Quero apresentar outros personagens do universo dos Power Rangers no futuro e contar como os desafios da amizade e da própria adolescência vão se interpondo no caminho dos Rangers. Eles são, deste modo, super-heróis únicos, que discutem temas aparentemente mais próximos de filmes dramáticos, e isso me encanta".