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20 anos é um século: O que mudou no novo "Trainspotting"?

Do UOL, em São Paulo

21/03/2017 04h00

"Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira". O famoso monólogo de Mark Renton em "Trainspotting: Sem Limites" marcou época e fez com que o filme de Danny Boyle se tornasse uma referência do cinema nos anos 1990.

Vinte anos depois, os personagens inspirados no livro de Irvine Welsh estão de volta em "T2 Trainspotting", que estreia no Brasil nesta quinta-feira (23). Já quarentões, eles ostentam menos cabelo, a saúde abalada e apenas um resquício da energia juvenil.

Sem ficar refém da nostalgia, Boyle reintroduz cenas do primeiro filme de forma divertida e irônica, e brinca com o mundo moderno, comprovando que duas décadas podem parecer um século.

Veja o que mudou de um filme para o outro:

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    Geração heroína

    No final dos anos 1980 -- período em que se passa a primeira história -- a heroína havia se tornado uma epidemia pelo Reino Unido. A "geração Trainspotting", como passou a ser chamado os jovens britânicos desiludidos pelos altos níveis de desemprego na época, encontrava na droga, vinda do Irã, o refúgio perfeito. Poucos sobreviveram, e aqueles que tentaram dar fim ao uso, até hoje sofrem com as recaídas, como é o caso de Spud (Ewen Bremner). No novo filme, Sick Boy (Jonny Lee Miller), o personagem mais trambiqueiro do filme, no entanto, migrou para a cocaína e esconde no bar onde trabalha uma grande estufa de maconha.

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    Clubbers?

    Você se lembra dos clubbers? Pode acreditar, eles existiram. O movimento que despertou a música eletrônica nas grandes metrópoles apresentou ao mundo uma geração de jovens hedonistas que se vestiam com roupas bastante coloridas e buscavam apenas festejar a vida com muita droga e álcool. Foi nessa época que surgiu o techno do Prodigy e o grande tema do primeiro filme, "Born Slippy", de Underworld. Agora quarentões, os personagens não vivem mais em festas e, quando por acaso esbarram em uma, acabam a noite na pista de um clube saudosista dos anos 1980.

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    Batalha nas rádios

    Na época do primeiro filme, as rádios britânicas foram palco de uma das batalhas mais importantes do Reino Unido: Blur x Oasis: Qual era a mais influente? Quem vendia mais? A treta não passou de algo banal e nenhum resquício dessa fase é resgatado em "T2", bem como o antigo discman que aparecia no longa de 1996. A trilha do segundo filme moderniza os clássicos do primeiro (com novas versões de "Born Slippy", de Underworld, e "Lust for Life", de Iggy Pop), mas abre as portas para novos nomes e gêneros, como o indie rock das britânicas do Wolf Alice, e o hip-hop dos escoceses do Young Fathers

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    Espírito da época

    Nos anos 1980, "Choose Life" [Escolha vida] era um famoso slogan de uma campanha antidrogas no Reino Unido. Em "Trainspotting", o termo se tornou um manifesto irônico. Logo na abertura, o texto falava sobre a pressão da sociedade em escolher boa carreira. "Escolha uma televisão de merda grande, máquinas de lavar, carros, CD players", dizia Renton. No segundo o filme, o monólogo é atualizado conforme o espírito da época e atira no Facebook, Twitter e Instagram "e torça para que alguém se importe". Não à toa, os personagens passam o dia assistindo vídeos aleatórios no aplicativo do YouTube em suas Smart TV's e cedem até aos efeitos do Snapchat para ostentar a grana conquistada em mais um golpe.

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    Uma outra cidade

    A trama de "Trainspotting" se passa na região de Leith, distrito de Edimburgo. As docas da cidade serviram como pano de fundo para cenas icônicas do primeiro filme, mas agora o cenário é bem mais desolador. No limite da gentrificação, algumas áreas foram abandonadas com as falências das fábricas. Em uma delas se encontra o pub Port Sunshine, gerido por Sick Boy, que só continua com as portas abertas graças aos aposentados e antigos trabalhadores da região.