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Com tesouros do passado, “A Praça É Nossa” vê a sua audiência crescer

Mauricio Stycer

19/01/2017 04h01

Como a maior parte das emissoras, o SBT ainda acredita que o ano só começa em março. Janeiro e fevereiro são meses para exibir reprises variadas, melhores momentos ou programas gravados previamente.

Em meio a esta programação gelada, Carlos Alberto de Nóbrega teve uma ideia luminosa para "A Praça É Nossa". Além de reprisar quadros vistos ao longo de 2016, o humorístico mais antigo da TV brasileira está exibindo, também, momentos históricos, protagonizados há 10, 20 anos, por artistas do naipe de Ronald Golias, Dercy Gonçalves, Roni Rios e muitos outros.

pracadercyestreiapracagoliaspracamedicipracajoEsta "Praça Retrô", como foi batizada, é um segmento que está ocupando, desde o início do ano, cerca de um terço do programa exibido às quintas-feiras. O mais incrível é que "A Praça É Nossa" está registrando médias de audiências em janeiro 10% superiores às de dezembro de 2016.

A escolha das preciosidades exibidas é do próprio Carlos Alberto. "São 1.461 programas. Tenho mais de mil em casa", conta o humorista ao UOL. Para esta quinta (19), ele selecionou uma conversa da Velha Surda (Roni Rios) com Hebe Camargo, um encontro de Vamércia, a fofoqueira (Maria Teresa), com Zico e uma aparição do Profeta (Golias).

Na primeira semana de janeiro, Carlos Alberto levou o público a relembrar a estreia de Dercy na "Praça", em 2006. Ao final de uma conversa divertidíssima, ela se assusta quando o dono do banco avisa que terminou. "Mas já acabou? Silvio Santos não vai me pagar!".

O programa também mostrou uma visita de Jô Soares à praça, encarnando um de seus personagens, além de uma passagem de Zoinho (Marcelo Médici) em companhia do músico Chorão. Na segunda semana, foi a vez de rever Roni Rios encarnar outro de seus personagens antológicos, o Philadelpho, contracenando com Edna Velho. Além de um show do genial Golias.

A iniciativa foi testada pela primeira vez nas férias de 2016. Funcionou e ganhou o dobro de tempo este ano. Feliz da vida com o bom resultado, Carlos Alberto conta que Fernando Pelégio, diretor do SBT ,chegou a propor que a "Praça Retrô" se tornasse um quadro fixo do programa. "Mas eu não posso fazer isso. Seria uma injustiça com os atuais humoristas, que dão tanta audiência", diz. "Seria um desprestígio para eles", acrescenta.

É verdade. Mas o SBT, que adora uma reprise, poderia muito bem criar um programa semanal, vespertino, quem sabe, com as relíquias de "A Praça É Nossa". Fica a dica.

Abaixo, republico uma entrevista que fiz com Carlos Alberto em abril de 2016:

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.