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19/02/2010 - 15h34

Violento e polêmico, "The Killer Inside Me" chega a Berlim sem estrelas

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
  • EFE

    O diretor britânico Michael Winterbottom fala sobre seu filme "The Killer Inside Me", exibido no 60º Festival de Berlim

Nem Jessica Alba, nem Kate Hudson vão aparecer no tapete vermelho que leva ao Berlinale Palast nesta sexta (19). As duas atrizes não puderam comparecer ao 60o. Festival de Berlim para a sessão de gala do último concorrente aos Ursos da mostra competitiva, "The Killer Inside Me", adaptação para o cinema do romance "O Assassino em Mim", de Jim Thompson. O ator Casey Affleck, que faz o personagem principal, o policial Lou Ford, também não compareceu. Vieram à Alemanha para promover o filme apenas o diretor inglês Michael Winterbottom e o produtor americano Andrew Eaton.

Tantas ausências levaram a muitas especulações que têm origem em um fato ocorrido no Festival de Sundance, em janeiro, onde o filme teve sua première americana. Jessica Alba teria participado de uma breve apresentação antes do início da primeira sessão e saído logo após a cena em que sua personagem, a prostituta Joyce Lockland, tem a cara transformada em uma bola de sangue pelo amante e protagonista da história toda. No dia seguinte, um veículo publicou nota dizendo que a atriz teria ficado irritada pela forma como o seu rosto fora exposto na tela.

Segundo Eaton e Winterbottom, a história de Alba em Sundance não é verdade. Ela teria saído antes da sessão para viajar de Park City, em Utah, onde acontece o festival, até Los Angeles, na Califórnia, onde mora com a filha e o marido. Assim como também não procede o rumor de que a ausência dos atores na Berlinale esteja relacionada com qualquer forma de protesto contra a violência gráfica do filme. "Elas não vieram para Berlim porque 'The Killer Inside Me" é pequeno e não havia orçamento suficiente para bancar a vinda de ambas e de Affleck", disse o produtor. "Quanto a Affleck, ele não tem feito muitos filmes", emendou o diretor. "Foi muito difícil convencê-lo a fazer o papel. Trazê-lo aqui seria muito bom, mas infelizmente não tivemos como."

A gênese do filme

  • Divulgação

    Jessica Alba é Joyce Lakeland em ''The Killer Inside Me'', fiome de Michael Winterbottom

Eaton e Winterbottom não foram poupados na entrevista coletiva que se seguiu à sessão matinal para jornalistas de "The Killer Inside Me". O diretor inglês, principalmente, foi muito questionado sobre a decisão de adaptar um livro difícil como o de Jim Thompson, a necessidade de expor a violência de forma tão explícita e de ser ainda mais gráfico no caso das duas personagens. Sem se alterar em nenhum momento, ele respondeu a todos os questionamentos.

Sobre a oportunidade de adaptar o romance, Winterbottom disse que era uma ideia antiga, embora originalmente não achasse possível adaptá-lo por ter uma narrativa em primeira pessoa e o personagem ser muito interiorizado. "Eu havia lido o livro e fiquei com ele na cabeça, até que apareceu a oportunidade de adaptá-lo", disse o diretor. "O que mais me interessou foi a possibilidade de transformar essa história em filme de uma forma que fosse muito próxima do que Jim Thompson havia escrito. A maior parte dos diálogos foram tirados de lá e das narrações em off também."

Com relação à violência excessiva, Winterbottom disse que faz parte do romance e tem uma função reflexiva e não de entretenimento. "Muitas vezes, é necessário mostrar a violência de forma crua e direta, especialmente no caso de uma situação chocante como a descrita na trama", explicou. O filme conta a história de um jovem xerife, na verdade um psicopata escondido atrás de um bom moço, que começa a matar para encobrir suas histórias de adultério e corrupção. "Não vejo porque seria necessário esconder isso, se a questão é mostrar que Lou Ford é fraco e inseguro. As pessoas têm que se sentir incomodadas."

Sobre a violência contra as mulheres, Winterbottom simplesmente manteve o raciocínio, acrescentando que o livro foi publicado em 1952 e a história no filme se passa no mesmo período. "Se hoje [a violência contra mulheres] ainda é um problema, você pode imaginar o que era essa história na época em que o livro foi lançado."

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