2 motivos para sentir (e 3 para não sentir) saudades de Escobar em "Narcos"
Quando a segunda temporada de “Narcos” chegou ao fim, no ano passado, boa parte do público e da crítica especializada se perguntou: é possível ter vida após a morte de Pablo Escobar, vivido por Wagner Moura? A resposta é “sim” – o que não quer dizer que Pablito não faça falta vez ou outra.
A reportagem do UOL teve acesso aos 10 episódios da nova temporada, que estreia no dia 1 º de setembro, e conta o que vai fazer o espectador sentir saudades do traficante – ou não.
Para sentir saudades
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Carisma
Não tem como competir: o Pablo Escobar de Wagner Moura era inquestionavelmente carismático. Não só porque a figura da vida real também o era, como pela boa interpretação de Wagner Moura. Com o temperamento inconstante e bordões como "o plata, o plomo" (dinheiro ou bala, em tradução livre), Escobar dominava as cenas das duas primeiras temporadas e fazia, muitas vezes, o público torcer por ele, mesmo que sua história notoriamente acabe mal. Nenhum dos chefões de Cali consegue exercer tal fascínio --talvez até de forma proposital, já que o cartel era famoso por operar nas sombras, diferentemente de Escobar.
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Ritmo acelerado
A trajetória peculiar de Escobar imprimiu um ritmo intenso ao início de "Narcos". Momentos particularmente cinematográficos como a invasão ao Palácio da Justiça da Colômbia e o atentado ao voo 203 da Avianca fizeram o espectador ficar grudado na série, maratonando os episódios sem culpa. A nova temporada, no entanto, não é tão frenética e começa em marcha lenta, engatando de vez no quarto episódio - o que não necessariamente é ruim -, mas pode ser um choque para quem chega esperando a mesma condução da primeira temporada.
Para nem lembrar dele
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Protagonista improvável
Se as duas primeiras temporadas centravam-se no conflito entre os agentes da DEA e Escobar - com milícias e outros traficantes como coadjuvantes de luxo -, a terceira consegue encontrar um protagonista inesperado na figura de Jorge Salcedo, interpretado pelo ator Matias Varela. Um dos responsáveis pela segurança do Cartel de Cali, ele tem o drama mais sólido dos novos episódios e consegue gerar identificação com o espectador comum, algo que faltava à série. Para quem não se importa em receber spoilers do noticiário, vale conferir a história real dele.
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Mais espaço para os dramas
Sem a figura central de Pablo Escobar, tanto novos como velhos personagens ganham um necessário espaço para se desenvolver e mostrar um lado mais humano. Tome como exemplo Pacho Herrera, um dos chefes de Cali que já havia aparecido antes: os novos episódios revelam que ele era homossexual assumido e, também, o mais cruel do cartel. O agente Javier Peña (Pedro Pascal), agora em uma posição de chefia, é outro a ganhar mais dramaticidade conforme se desilude com os sistemas políticos. Também é interessante acompanhar como a dinâmica entre os chefões vai mudando ao longo da trama, e como isso determina os rumos da história - algo que não seria possível em uma trama centrada em um só personagem.
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Menos maniqueísmo
Por mais que a figura de Pablo Escobar fosse humanizada nas primeiras temporadas de "Narcos", a trama era basicamente um conflito de mocinhos e bandidos, ainda que permeado por decisões de ética questionável. Já os novos episódios começam logo no clima de desilusão com a guerra às drogas: o cartel de Cali, responsável à época por 80% das vendas de cocaína no mundo, instaurou um grande esquema de corrupção, envolvendo autoridades em quase todas as esferas públicas - incluindo aquelas que lidam diretamente com a embaixada americana e seus adidos. Nesse cenário, os dramas ganham em complexidade e os riscos para os personagens ficam ainda maiores.
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