Brincadeiras em meio às ruas de Berlim na década de 1940, ocupadas por soldados nazistas, apresentam Bruno, protagonista de "O Menino do Pijama Listrado", filme que estréia nesta sexta-feira (17) na 32° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. É através do olhar do garoto, filho de um comandante das tropas de Hitler, que se desenrola a trama sobre um tema histórico já conhecido do cinema: os horrores do Holocausto.
Longe de virar alvo de perseguições nazistas, a experiência do personagem é diferente, por exemplo, da do garotinho do filme "A Vida é Bela" de Roberto Benigni, que enfrenta ao lado do pai a prisão nos campos de concentração. Ao contrário, Bruno (Asa Butterfield) convive bem com soldados e suásticas, e demora a questionar se o trabalho do pai (David Thewlis) é de fato "heróico".
![]() "O Menino do Pijama Listrado", de Mark Herman, é baseado no best-seller homônimo de John Boyne |
![]() |
As descobertas que o levam aos questionamentos amarram a trama do filme, dirigido por Mark Herman, que adaptou o livro infanto-juvenil homônimo de John Boyne, um best-seller nos EUA.
Indícios para mudanças não faltam ao personagem. Assim que se muda com a família para uma casa distante de Berlim, em decorrência do trabalho do pai, se depara com o primeira deles: avista de seu quarto um lugar estranho e cercado, onde as pessoas se vestem com "pijamas". Sem explicações dos adultos e se sentindo solitário, ele decide "explorar" escondido o ambiente fora da casa e encontra, através de uma cerca de arame farpado, o pequeno judeu Shmuel (Jack Scanlon), preso num campo de concentração.
Os encontros freqüentes com Shmuel e a amizade entre ambos se mostra determinante para o ápice da história. Até lá, no entanto, o despertar de Bruno é lento e sua inocência excessiva, em situações que ele demora a perceber, como a de que o campo de concentração não é um clube de férias ou quando ocorre o desaparecimento de Pavel, que vive como escravo em sua casa.
O comportamento da mãe de Bruno, desapontada ao descobrir mortes arquitetadas pelo marido, também influencia o garoto ao perceber a desintegração da família, antes unida pelo "orgulho do trabalho nazista para a pátria".
Embora a amizade entre duas crianças seja central, o filme estréia na Mostra com classificação de 14 anos e é provável que agrade mais adultos do que os jovens espectadores por suas cenas repletas de momentos tensos e dramáticos. Seja qual for a idade, são recomendados lenços de papel, já que a história promete arrancar lágrimas, mais do que despertar qualquer tipo de reflexão histórica.