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30/10/2008 - 20h18

Rodrigo Santoro "brigou" pelo papel de Raul Castro em "Che"

Neusa Barbosa
Colaboração para o UOL
Único ator brasileiro do elenco de "Che", de Steven Soderbergh, Rodrigo Santoro lutou para entrar no elenco do filme, em que interpreta Raul Castro, o irmão de Fidel Castro que é hoje o presidente de Cuba.

Rodrigo Santoro fala sobre "Che" no lançamento espanhol do filme
Assista ao trailer do filme


Santoro insistiu, durante cinco anos, com a produtora Laura Bickford - que conhecia seu trabalho em "Bicho de Sete Cabeças" e "Abril Despedaçado" - para ter um papel, qualquer papel, dentro da cinebiografia do revolucionário argentino. Com todo o elenco escolhido, seu encontro com o diretor Steven Soderbergh, em 2007, não foi animador, como Santoro contou em entrevistas em São Paulo, onde esteve nesta quinta (30), para participar da primeira sessão do filme na 32ª Mostra.

Além da insistência, Santoro teve um argumento que, segundo ele, parece ter tido um peso. O ator disse a Soderbergh: "O Brasil é o maior país da América Latina e você não tem um ator brasileiro no filme". Coincidência ou não, acabou conseguindo o papel de Raul.

A partir daí, começou um processo mais intensivo de preparação, que durou dois meses e meio. Primeiro, o ator teve de arranjar um professor de espanhol e, além de aprender o idioma, adquirir um sotaque cubano. Depois, viajou a Cuba por um mês para fazer o que ele descreve como uma "imersão cubana".

"Estava tentando descobrir o que era ser cubano, ter nascido nessa ilha. Depois, o que é ser um guerrilheiro, qual o conceito da Revolução, o que estavam fazendo. Finalmente, tentar saber quem era o Raul com 20 e poucos anos de idade", explica.

Ele foi descobrindo o personagem através de muita leitura, como o diário do Raul, que tinha sido editado, estava esgotado, mas lhe foi emprestado por um professor de História. Além disso, o ator conheceu pessoas que conviveram com Raul na juventude.

O próprio diário, porém, foi sua chave principal, "porque descrevia tudo que ele fazia. Ele tinha um tom muito bem humorado, sempre brincando com tudo. Ele é o perfeito 'criollo', o cara da terra, que brinca, que tem essa presença de espírito, é vivo, rápido".

Tanto no diário, quanto nos depoimentos, Rodrigo descobriu ainda a profundidade da relação de Raul e Fidel Castro. "Os dois foram sempre muito ligados. Tentei me aproximar de tudo isso com delicadeza, para entender a essência, as motivações, o intelecto, as convicções".

Outra pesquisa de campo foi feita em Sierra Maestra, o local de onde partiram os guerrilheiros, como os irmãos Castro e o Che, que realizaram a Revolução Cubana. "Fiquei três dias lá. Tenho aquilo muito fresco na minha mente, foi incrível".

Além disso, Santoro visitou museus, sempre acompanhado por um historiador, e também o famoso ICAIC, o instituto estatal do cinema cubano, onde teve acesso a materiais educativos, de arquivo, jornais e fotos da época da revolução, em dois dias inteiros de sessão.

Ironicamente, o ator não conhece o próprio Raul Castro até hoje. Levantou-se possibilidade quando o ator brasileiro visitou Cuba, mas Castro estava ocupado com visitas de dois presidentes. Santoro diz que ainda gostaria de ter esse contato algum dia. "Tenho curiosidade de saber o que ele achará do filme, porque ele viveu tudo isso".

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