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Pixar celebra 25 anos de revolução na animação digital

Personagens do filme ""Toy Story 3 - 3D", da Pixar - Divulgação
Personagens do filme ''Toy Story 3 - 3D", da Pixar Imagem: Divulgação

01/07/2011 11h54

EMERYVILLE, EUA, 1 Jul 2011 (AFP) -Longe das colinas de Hollywood, a Pixar revolucionou em 25 anos a indústria do cinema, ao introduzir a digitalização no mundo da animação tradicional e ao se tornar um dos estúdios mais lucrativos da história com uma dezena de filmes.

Concebida dentro da empresa de efeitos especiais de George Lucas, a Industrial Light & Magic, a Pixar passou a andar com as próprias pernas quando foi comprada em 1986 por Steve Jobs, co-fundador da Apple.

Em agosto daquele ano, uma pequena luminária de escritório e uma bola, protagonistas do primeiro curta-metragem da Pixar, "Luxo Jr", revelaram que os computadores podiam oferecer novos horizontes no universo animado.

"A mescla de uma tecnologia em plena evolução e a criação artística resultaram em algo que nunca havia sido antes", afirmou à AFP Ed Catmull, um dos fundadores da Pixar, atualmente presidente da Pixar e dos estúdios Walt Disney Animation, desde que o império de Mickey Mouse comprou a Pixar, em 2006.

"Era como no início da Disney, quando o cinema era novo e a animação apenas começava, era uma revolução técnica. Walt sempre introduziu tecnologia de ponta em seus filmes", disse.

Em 1995, a Pixar lançou "Toy Story", o primeiro longa-metragem de animação realizado com imagens digitais na história do cinema. Dirigido por John Lasseter, o filme foi aclamado e arrecadou mais de 350 milhões de dólares no mundo.

"'Toy Story' foi o primeiro filme com imagens digitais no qual o público esqueceu que estava vendo imagens criadas pelo computador. Queria apenas saber o que aconteceria com Woody e Buzz Lightyear. Todo cineasta sabia que esta era uma vitória", explicou à AFP Tom Sito, um veterano animador.

Sito se formou na Disney ("Aladin", "A Pequena Sereia", "O Rei Leão", entre outros), também trabalhou na Dreamworks ("Shrek", "O Príncipe do Egito") e é professor da Faculdade de Animação da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles.

"Outros estúdios pioneiros na animação digital estavam lotados de engenheiros que se consideravam artistas amadores, e de outros verdadeiros artistas que tentavam compreender algo de informática", lembra.

"A Pixar preferiu criar uma divisão de engenharia de altíssimo nível de um lado e uma equipe com pessoas muito criativas do outro. Desta maneira, cada um pôde trabalhar em seu domínio", acrescentou Sito.

A estratégia rendeu ótimos frutos. Depois de "Toy Story", o estúdio lançou filmes que rapidamente se tornaram clássicos infantis ("Ratatouille", "Procurando Nemo", "Up - Altas Aventuras", "Monstros S.A", "Wall-E", entre outros), todas aclamadas pelo público.

Os filmes da Pixar acumularam até este ano mais de 6,5 bilhões de dólares e receberam um total 26 estatuetas do Oscar.

Em Emeryville, subúrbios de São Francisco, as instalações da Pixar são a imagem viva do sucesso: prédios novos, espaçosos, modernos, grandes jardins nos quais os funcionários praticam tai chi chuan matinal, instalações esportivas de primeira linha. Tudo disponível para que os trabalhadores interrompam o trabalho quando quiserem para reduzir o cansaço.

Na empresa de hierarquia discreta, o todo poderoso John Lasseter - atualmente diretor de criação da Pixar e da Disney - caminha com suas camisas havaianas e seus tênis esportivos brancos, e conversa com todos.

Para Ed Catmull, o segredo do sucesso da Pixar é um trabalho de autocrítica implacável.

"As pessoas que fazem cinema confundem às vezes fazer um filme com e fazer um grande filme. O objetivo não é chegar a fazer um filme, o objetivo é fazer um filme que atinja as pessoas".

"Todos dizem que a história é o mais importante. É verdade, mas o essencial é saber o que fazemos quando algo não sai bem. Na Pixar, apagamos e recomeçamos. Nos equivocamos, como todo mundo, mas não mostramos aquilo em que fracassamos".