Filme "Lourdes", de Jessica Hausner, estreia nas salas de cinema francesas nesta quarta
Paris, 26 Jul 2011 (AFP) - "Nada questiona mais a fé que um milagre". Diante da cura milagrosa de uma mulher, um grupo de peregrinos do qual ela faz parte se interroga: por que ela? O filme "Lourdes" de Jessica Hausner, estreia nas salas de cinema da França nesta quarta-feira, desenhando um microcosmo revelador dos tormentos do Homem.
Christine (Sylvie Testud), vítima de uma esclerose em placa, uma doença do sistema nervoso central, lentamente progressiva, não domina mais o próprio corpo. Com a Ordem de Malta, ela mergulha nas piscinas da gruta de Lourdes, e confia ao sacerdote a própria revolta: "Por que eu?"
Elina Löwensohn, no papel de madre superior impenetrável, vela pela boa orquestração do cotidiano, com todos os personagens aprendendo a coabitar e a rezar juntos. Neste clima de fervor, quase que de opressão, desenvolve-se uma comédia humana, que chega ao auge quando Christine se descobre curada, uma noite.
Os participantes da peregrinação às vezes fascinados, às vezes duvidosos, se interessam de repente pela jovem mulher e se veem confrontados à própria fé.
Os peregrinos evoluem num sistema social no qual cada um tem sua teoria, e se perguntam os motivos de um tal milagre, sem obter outra respostas senão a do sacerdote, que vê nisso apenas "a graça e o mistério de Deus".
O filme aborda questões existenciais em meio a sentimentos de beatitude (a mãe que vê sua filha sair curada de um estado vegetativo) e de injustiça e de crueldade (o olhar de um inválido para Christine que agora pode andar).
A cineasta austríaca evita o patético, mas toca o espectador com seu balé de personagens desorientados. A "Ave Maria" de Schubert, no final do filme, deixa o sentimento de que os homens deveriam se concentrar sobre a felicidade, evitando questionar a própria razão de ser.
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