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Festival de cinema de Toronto destaca música, diretoras e 11/9

Documentário "Pearl Jam Twenty", dirigido por Cameron Crowe, será exibido no Festival de Toronto - Reprodução
Documentário "Pearl Jam Twenty", dirigido por Cameron Crowe, será exibido no Festival de Toronto Imagem: Reprodução

08/09/2011 12h12

TORONTO, Canadá, 8 Set 2011 (AFP) -O Festival de Cinema de Toronto, o maior da América do Norte, começa nesta quinta-feira (8) na cidade canadense com o foco nos documentários musicais, no número cada vez maior de cineastas mulheres, na imigração ilegal e nos atentados de 11 de setembro de 2001.

"É um bom ano para os documentários musicais, e há alguns filmes muito provocativos dirigidos por mulheres", afirmou um dos diretores do festival, Cameron Bailey.

Bailey destacou a resposta notável dos cineastas à crise da imigração.

"Assistimos documentários sobre o tema no passado, mas este ano vemos vários diretores de ficção que tratam do tema das pessoas que batem as portas da Europa, e como a Europa está respondendo a isto", disse.

O Festival de Cinema de Toronto, que terá como filme de abertura um documentário pela primeira vez, prosseguirá até 18 de setembro. No total, 268 longas-metragens e 68 curtas-metragens de 59 países, incluindo 123 estreias mundiais, serão exibidos.

O filme de abertura da mostra, "From The Sky Down", conta a história do grupo irlandês U2 e foi dirigido por Davis Guggenheim, vencedor de um Oscar por "Uma verdade inconveniente", o documentário sobre a mudança climático com o ex-vice-presidente americano Al Gore.

Além do U2, Pearl Jam e Neil Young, também temas de novos documentários, marcarão presença em Toronto.

No domingo, um curta-metragem de quatro minutos marcará o 10º aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

"O 11/9 aconteceu durante nosso festival há 10 anos e foi terrível e sombrio para muitas pessoas, especialmente para os americanos que ficaram devastados aqui", disse Bailey.

O festival também exibirá os novos filmes de William Friedkin ("Killer Joe") e Francis Ford Coppola ("Twixt") e servirá para a estreia americana dos mais recentes de Pedro Almodóvar, George Clooney, Madonna e do polêmico diretor dinamarquês Lars von Trier.

O impressionante interesse pelo filme de Clooney, "Tudo Pelo Poder", ambientado em uma primária presidencial, provocou a divulgação de que os ingressos para o festival estavam esgotados, o que segundo os organizadores não é verdade.

Entre as diretoras, o festival destaca a "adaptação revisionista" de Andrea Arnold do romance clássico de Emily Bronte, "O Morro dos Ventos Uivantes".

Também serão exibidos os filmes de Chantal Akerman "Almayer's Folly", baseado no romance de Joseph Conrad, e o filme de Agnieszka Holland "In Darkness", sobre judeus que se escondiam nos esgotos da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial, para escapar da deportação a campos de extermínio.

Outros filmes de diretora são "Sleeping Beauty", de Julia Leigh, e "Friends with Kids", de Jennifer Westfeld.

Bailey admitiu que ainda é difícil para as mulheres dirigir filmes, apesar do sucesso Kathryn Bigelow, que se tornou a primeira diretora a vencer o Oscar, ano passado por "Guerra ao Terror", que foi exibido em 2008 em Toronto.

"Uma das lutas que as diretoras enfrentam é que são percebidas apenas como capazes de contar somente certo tipo de histórias, histórias brandas sobre as mulheres ou sobre emoções. Kathryn provou o contrário, mas continua existindo uma barreira para muitas mulheres", disse Bailey.

"O êxito de Kathryn é interessante porque ganhou um Oscar por um filme que não tinha nenhuma mulher", afirmou Bailey, que destacou que o trailer do longa-metragem de Tanya Wexler "Hysteria", sobre a invenção do vibrador eletromecânico, foi o mais baixado no site do festival.

Vários filmes europeus abordam o tema da imigração ilegal e da integração: "The Invader", "Hotel Swooni", "The Cardboard Village", "Terraferma" e "Color of the Ocean".

E para ampliar a oferta de obras da África e do Oriente Médio, o festival contratou um programador de Beirute.

"Não houve um interesse imediato nas perspectivas a partir do mundo árabe depois de 11/9. A primeira resposta foi o medo e a paranoia. Isto aconteceu na arte feita no período imediatamente posterior em todo Ocidente. Recentemente começamos a ver com curiosidade e maior compromisso as vozes do mundo árabe", explicou.

O Festival de Toronto é apontado tradicionalmente como um evento chave para o Oscar por estúdios e distribuidores.

Este ano, o tapete vermelho deve contar com as presenças de estrelas como Brad Pitt, Clive Owen, Freida Pinto, Glenn Close, Rachel Weisz, Salma Hayek e Viggo Mortensen.

Também são esperados Woody Harrelson ("Rampart"), Matthew McConaughey ("Killer Joe"), Juliette Binoche ("Elles") e Michael Fassbender ("A Dangerous Method").