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"O Enigma do Outro Mundo", cult de John Carpenter, ganha remake

Pôster oficial do filme "The Thing" - Divulgação
Pôster oficial do filme "The Thing" Imagem: Divulgação

11/10/2011 13h59

LOS ANGELES, EUA, 11 Out 2011 (AFP) - Sempre é arriscado tocar em um filme considerado cult e por este motivo o estúdio Universal evitou cair na armadilha do simples remake ao homenagear o famoso "O Enigma do Outro Mundo" (1982), de John Carpenter, e decidiu fazer um respeitoso prólogo.

O novo "O Enigma do Outro Mundo", que no Brasil tem o título de "A Coisa" e estreia sexta-feira (14) nos Estados Unidos, é o primeiro longa-metragem do cineasta holandês Matthijs van Heijningen.

O diretor admitiu recentemente que sofreu uma pressão gigantesca ante a ideia de tocar no filme de Carpenter.

"Eu assisti 'O Enigma do Outro Mundo' quando tinha 17 anos e gostei da reflexão sobre a paranoia, misturada com horror verdadeiro. Nunca vi isso, desta maneira, em outro filme", contou.

A Universal optou por filmar um prólogo, termo usado em Hollywood para descrever um filme derivado de outro e cuja história precede a original, em contraposição a uma sequência, que conta o que ocorre depois do filme original.

A obra-prima de John Carpenter, que descrevia a devastação provocada por um monstro em uma base dos Estados Unidos na Antártica, é um prólogo porque deixa no ar o mistério sobre o que aconteceu antes em uma base norueguesa próxima.

Assim, Heijningen e sua equipe imaginaram o que teria acontecido nesta base, com o máximo de inspiração do filme original.

"Nós inventamos o filme como se fosse a reconstituição da cena de um crime", declarou o diretor. No original de John Carpenter, os americanos visitavam rapidamente a base da Noruega para tentar entender o que estava acontecendo em sua própria base.

"Isto nos deu pistas sobre o que ocorreu e construímos a história ao redor disso".

Para o diretor, o exercício do prólogo era restritivo quanto aos parâmetros que deveriam ser respeitados, mas também muito livre porque a história acontece em um terreno muito diferente, europeu.

Outro desafio foi criar o protagonista.

"A princípio era um homem. Mas cada vez que pensávamos em um ator, ele se via ensombrecido por MacReady [o herói do filme de Carpenter, interpretado por Kurt Russell]; Não podia ter a própria personalidade", explicou.

"Assim que nos afastamos de MacReady, escolhemos uma protagonista, uma jovem cientista americana [Mary Elizabeth Winstead], convidada à Antártica por um prestigioso professor norueguês para estudar uma criatura alienígena encontrada no gelo, que resultaria na 'coisa'".

Além do horror puro da história - o monstro, 30 anos depois do filme original, continua sendo repugnante e ganhou ainda mais realismo graças aos efeitos especiais digitais -, o que atraiu o cineasta foi a reflexão que o filme propõe sobre a paranoia.

Van Heijningen recorda que o original foi lançado em 1982, no período de explosão da Aids, e que "a coisa" podia ser encarada como uma metáfora da doença e do contágio, um medo que continua sendo relevante atualmente.

"Isto não mudou muito. Ter uma doença, um vírus, não saber se alguém é um portador ou não, se o vizinho de alguém está infectado. É uma paranoia universal".