Meryl Streep vive Margaret Thatcher a caminho de seu terceiro Oscar
O cabelo armado está oculto sob um lenço, sua figura uma vez ereta está arqueada pela idade, mas ela ainda possui a força e o inconfundível tom de voz é de diretora de escola: esta é Margaret Thatcher na interpretação da diva Meryl Streep, no filme "A Dama de Ferro", que será lançado um dia depois do Natal na Austrália e chegará às telas americanas no final do ano.
O filme se desenrola em flashs-back sucessivos, pincelando o retrato daquela que foi a primeira mulher à frente de um grande país ocidental, e provavelmente a mais contestada dos primeiros-ministros britânicos.
A diretora Phyllida Lloyd (de "Mamma Mia!") assegura que sua intenção não era fazer um filme político, mas algo "quase Shakespeariano": a história de uma grande líder ao mesmo tempo formidável e cheia de defeitos.
Meryl Streep, 62 anos, admite que sabia muito pouco sobre a ação política de Thatcher antes de aceitar o papel, e explica que o filme exibe "o preço que ela pagou, enquanto ser humano, por suas decisões políticas".
A história é contada essencialmente através do olhar de "Maggie", filha de um dono de mercearia, ambiciosa ao ponto de receber dos russos o apelido de "Dama de Ferro", uma mulher que conquista o poder e o perde, tudo isso vivendo uma grande história de amor com seu marido Denis, falecido em 2003.
A Maggie de hoje aparece no filme inconsolável, falando de Denis como se ele ainda estivesse vivo e recordando pedaços de sua vida passada: a eleição para o Parlamento em 1959, as férias com seus filhos gêmeos, sua decisão de concorrer à liderança do Partido Conservador, a consagração em 1979, quando foi nomeada para o cargo de primeira-ministra.
É recriada sua luta contra o seu próprio partido, contra os sindicatos, e seu discurso de vitória diante da Câmara dos Comuns, após a guerra travada com a Argentina para manter as Malvinas (ilhas Falklands) em 1982.
As imagens de arquivo mostram as gigantes manifestações contra suas reformas, as enormes greves dos mineiros, o atentado do IRA contra a convenção do Partido Conservador na região balneária de Brighton em 1984, onde 5 pessoas morreram.
Embora tente ser imparcial, inevitavelmente o filme constrói uma imagem bastante simpática de sua velha heroína, mas não apaga sua intransigência, próxima da loucura e que é traduzida na imagem da mulher política surda a todos os argumentos antes de sua renúncia forçada, em 1990.
As pessoas próximas a Margaret Thatcher parabenizam o desempenho de Meryl Streep, que talvez esteja no caminho de um terceiro Oscar, por trazer para o filme um lado muito emocional.
"É um grande drama romântico, com um acento enorme colocado em sua relação com Denis", acredita Nigel Lawson, seu ministro da Economia de 83 a 89. "É como uma espécie de novela", resume, aconselhando as pessoas a assitir "porque é um filme poderoso".
Norman Tebbit, membro dos governos Thatcher de 1979 a 1987, é um pouco mais crítico, condenando o retrato "um pouco histérico" feito por Meryl Streep.
E Tim Bell, conselheiro em suas três campanhas eleitorais, explica que não irá ver o filme: "Eu vivi a história, qual o interesse de ver a cópia se você viu o original?"
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