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Meryl Streep rejeita críticas de Cameron por filme sobre Thatcher

Meryl Streep escolhe modelito azul, cor preferida de Margaret Thatcher, para estreia de "A Dama de Ferro", em Londres (04/01/12) - AFP
Meryl Streep escolhe modelito azul, cor preferida de Margaret Thatcher, para estreia de "A Dama de Ferro", em Londres (04/01/12) Imagem: AFP

06/01/2012 17h29

PARIS - A atriz americana Meryl Streep, que encarna a Margaret Thatcher em "A Dama de Ferro", rejeitou, nesta sexta-feira (6), em Paris, as críticas do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que questionou o momento em que esse filme foi feito, retratando a ex-governante idosa e doente.

"É mais um filme sobre o envelhecimento e elementos de demência do que sobre uma primeira-ministra estupenda", lamentou Cameron, unindo sua voz à de muitos conservadores que criticam o fato de Thatcher, a controversa primeira, e até agora única, chefe de Governo britânica, ser apresentada como uma idosa frágil e abalada por uma demência senil.

A atriz, de 62 anos, vencedora de dois Oscars, respondeu destacando que o retrato da mulher que governou o Reino Unido com mão de ferro durante dez anos busca "penetrar no ser humano, em um momento de solidão, no final de sua vida" e que as críticas têm a ver com o estigma que acompanha a senilidade.

"O retrato que fazemos dela, que sofre de um dos 41 tipos de demência, não é desrespeitoso. É doloroso, mas é verdadeiro. É a vida", afirmou Streep em uma coletiva de imprensa realizada em um luxuoso hotel de Paris.

Meryl Streep lança "A Dama de Ferro" em Londres

"Se a tivéssemos mostrado tossindo ou mancando, ninguém teria protestado. Mas há um estigma especial que acompanha a demência. As pessoas a consideram vergonhosa", afirmou Streep, uma atriz extraordinária que carrega quase exclusivamente em seus ombros o filme dirigido pela britânica Phyllida Lloyd.

A cineasta reagiu também às críticas de Cameron, afirmando que confirmam que no Reino Unido, Thatcher, agora com 86 anos, "é considerada uma santa, um ícone ou um monstro".

"Acreditamos que esse debate está atrofiado. Queríamos contar outra história, a de sua ascensão ao poder em um mundo de homens, suas memórias, sua solidão", disse Lloyd.

"Queríamos mostrá-la no final da vida, nesse momento de silêncio, de solidão. Ver a totalidade de uma vida, que foi intensa, turbulenta. Quais são, no fim das contas, os momentos importantes em uma vida. Não para a história", destacou Streep, horas antes de pisar no tapete vermelho para a estreia em Paris desse filme.

"Além disso, se Cameron considera desrespeitoso o filme, me pergunto o que ela diria se o ouvisse perguntar em uma rádio por que não esperar e fazer o filme quando ela estiver morta", disse a atriz que pode ganhar um terceiro Oscar por essa interpretação da Dama de Ferro.

Como quase todos, Cameron elogiou, no entanto, a "sensacional e assombrosa" interpretação da protagonista, a atriz americana Meryl Streep, que pode ser indicada pela 17ª vez ao Oscar pelo filme, que estreia nesta sexta-feira no Reino Unido.

Ao ser questionado sobre qual ator gostaria que o interpretasse no cinema, Cameron se negou a responder e declarou ter "certeza", entre risos, de que nunca farão um filme sobre ele.

Há uma década que a ex-governante britânica, que ganhou a alcunha o título de Dama de Ferro durante o conflito pelas Malvinas, não voltou a falar em público, depois que os médicos a desaconselharam em consequência de pequenos ataques de apoplexia que causaram confusão e perda de memória. Nos últimos anos suas aparições sociais foram raras.