'Dama de Ferro' faz argentinos admirarem Meryl Streep e esquecerem Thatcher
"'A Dama de Ferro' me comoveu pela excelente atuação de Meryl Streep como Margaret Thatcher", disse à AFP a portenha Olga Culdel, de 67 anos, logo depois de assistir ao filme, no Cine Lorca - uma sala da avenida Corrientes, considerada a Broadway de Buenos Aires.
Ela disse que preferiu ater-se à criação artística, sem se deixar envolver pelo impacto representado pelo conflito com o seu país. Afinal, o filme conta a história de uma primeira-ministra britânica que, entre outros fatos, comandou a Guerra das Malvinas (1982) contra a Argentina.
Mas, ao mesmo tempo, lembra que ela, Olga Culdel, foi uma das milhares de mulheres que teceram nas ruas cachecóis de lã para os soldados argentinos que combateram há quase 30 anos, em meio a temperaturas extremamente baixas.
"Até o plano sobre o navio está bem feito, comenta ela, em relação à forte cena na qual Thatcher ordena o afundamento do cruzador argentino General Belgrano, que estava fora da área de exclusão estabelecida por Londres em torno das ilhas, e onde morreram 323 dos 649 argentinos caídos no conflito.
"Sim, a cena foi muito bem elaborada", disse à AFP, com frieza, um outro expectador, identificado como Gonzalo, de 37 anos.
Apoiada em uma bengala, Elida Zucco, de 74 anos, disse que Thatcher "quis o máximo para seu país e lutou contra todos".
"Claro que a odiamos por causa das Malvinas, mas o filme ajuda a entendê-la um pouco mais", afirmou, elogiando a atuação de Meryl Streep, indicada ao Oscar e ganhadora do Globo de Ouro por esta interpretação.
No mesma sintonia, Nilda, de 70 anos, também se disse cativada pela atuação da artista americana. "A interpretação de Meryl Streep deixou-me comovida", disse à AFP. "Mas, na vida real, ela era um animal, muito dura", acrescentou.
Carlos Araujo, um advogado de 61 anos, também não se ateve ao perfil político do filme, considerando que "as cenas estão muito realistas, além da interpretação espetacular de Meryl Streep".
A atitude desses cinéfilos contrasta com a de muitos veteranos da guerra de 1982 que preferem não ver o filme, para não reviver fatos sumamente traumáticos. Quatrocentos e trinta e nove ex-combatentes se suicidaram depois da guerra, mais dos aqueles os que morreram em combate nas ilhas.
"Consultamos a liderança dos centros de veteranos de guerra e nenhum deles viu o filme, e também não desejam vê-lo", disse à AFP uma fonte da Comissão Nacional de Ex-Combatentes, ligada ao ministério do Interior.
No primeiro final de semana depois da recente estreia em 40 salas de Buenos Aires e periferia, "A Dama de Ferro" ficou em quinto lugar entre os dez filmes de maior bilheteria, com um público de 41.472 pessoas, "atendendo as expectativas das distribuidoras", disse à AFP um funcionário desse setor que preferiu não ter o nome divulgado.
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