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Angelina Jolie conta que se tornou diretora "por pura casualidade"

A diretora Angelina Jolie durante as filmagens de "In the Land of Blood and Honey" - Divulgação
A diretora Angelina Jolie durante as filmagens de "In the Land of Blood and Honey" Imagem: Divulgação

11/02/2012 10h53

A atriz americana Angelina Jolie passou para trás das câmeras "por pura casualidade" para dirigir e contar a guerra na Bósnia na ficção "In The Land Of Blood And Honey", que será projetada neste sábado fora de competição na Berlinale.

Angelina Jolie, que chegou a Berlim acompanhada de Brad Pitt e de seus seis filhos, declarou em entrevista à AFP que "não decidiu se tornar diretora de cinema nem roteirista. Poderia encontrar alguém tecnicamente mais capacitado que eu, mas só eu sabia até que ponto queria que essa história fosse contada".

Ao escolher para sua primeira experiência como diretora um conto de guerra, um amor complicado na Bósnia entre uma muçulmana e um combatente sérvio, Angelina jolie lembrou que nos anos 1990 houve na Europa um conflito atroz, com estupros sistemáticos de mulheres bósnias, e que o mundo inteiro agia como se não soubesse de nada.
 

"Viajei a essa região, mas não conseguia verdadeiramente compreender o que tinha acontecido, apesar de terem sido fatos da minha geração. Por isso, decidi estudar, e quanto mais avançava em minhas pesquisas e em minhas leituras, mais furiosa eu me sentia e aumentava a obrigação de contar essa história", declarou.

Aos 36 anos, a estrela vencedora do Oscar no ano 2000 por "Garota Interrompida" é, atrás da fachada de glamour, uma mulher comprometida que percorre os países em conflito há 10 anos, sobretudo como embaixadora da boa vontade do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

Durante a rodagem de seu filme, disse ter sentido uma "pressão enorme", apesar de ter gostado de se ver convertida em uma espécie de maestra.

"Brad diz que é porque sou mãe de seis filhos, por isso tenho o costume de mandar", brincou, mas reconheceu que passou por momentos bastante difíceis, sobretudo porque seus atores foram contratados localmente e a filmagem foi feita em servo-croata, sistematicamente dublado com uma tomada em inglês.

"Foi difícil para todo mundo, sobretudo para os atores, que como homens tinham que interpretar agressores, quando todos eles são pais de família, maridos adoráveis, boas pessoas. Mas sabiam que tinham de fazê-lo, em nome das mulheres, para mostrar a brutalidade que elas sofreram", disse.

Para realçar o caráter documental de seu filme, decidiu que sua estreia ocorreria no Museu do Holocausto de Washington.

"Era uma forma de atrair a atenção sobre esse aspecto dos genocídios que são os estupros, e para lembrar que os temas do filme são universais. Me parece importante estudar a história dos genocídios, já que isso não apenas ocorreu em um único país e em um só momento da história, mas é algo que se reproduz regularmente", completou.

Angelina Jolie disse também que esteve recentemente em Auschwitz: "Vi tantos nomes sérvios, porque combateram os nazistas... e mais tarde eles se tornaram os agressores".