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"O Juramento de Tobruk" leva insurgentes sírios e líbios ao tapete vermelho em Cannes

O filósofo Bernard-Henri Lévy posa em Cannes ao lado de guerrilheiros líbios e sírios para promover seu documentário "O juramento de Tobruk", exibido na competição oficial - Jean-Paul Pelissier/Reuters
O filósofo Bernard-Henri Lévy posa em Cannes ao lado de guerrilheiros líbios e sírios para promover seu documentário "O juramento de Tobruk", exibido na competição oficial Imagem: Jean-Paul Pelissier/Reuters

De Cannes, na França

25/05/2012 16h01

Para simbolizar "a passagem da bandeira da liberdade" de ex-rebeldes líbios para insurgentes sírios em guerra, o filósofo Bernard-Henri Lévy chegou a Cannes nesta sexta-feira (25) acompanhado de veteranos líbios e de dois opositores do regime de Damasco.

O filósofo previu e anunciou que convidados líbios, que havia conhecido no ano passado durante os combates, entrariam ao seu lado no tapete vermelho para a exibição de seu documentário "O Juramento de Tobruk", na seleção oficial do Festival.

Além destes ex-rebeldes, agora membros da nova elite líbia, dois sírios saíram clandestinamente do seu país, através de países vizinhos, para subir as escadas nesta sexta-feira à noite, juntamente com a equipe do filme.

Por medo de represálias contra suas famílias, pediram para permanecer anônimos e mascarados durante a coletiva de imprensa em Cannes, rosto e cabeça escondidos sob enormes óculos escuros e bandeiras da "Síria Livre".

"Eles estavam na Síria há algumas horas, saíram ilegalmente (...) e assumiram riscos insanos para estar conosco esta noite", disse Lévy.

O escritor convidou os espectadores para assistir "O Juramento de Tobruk", "documentário pessoal, portanto, subjetivo" como "um filme de cinema deve ser". "Mas eu peço que o assistam com uma dupla visão: o olhar de uma guerra ganha e a aparência de uma tragédia em curso", acrescentou.

Na quinta-feira à tarde, por trás das cortinas de um escritório de Paris, no piso térreo de um edifício, os líbios e sírios se conheceram na presença de um repórter da AFP.

Em árabe, Suliman Fortia, herói da fortaleza rebelde líbia de Misrata, explicou aos dois sírios que "Bernard-Henri Lévy foi a primeira pessoa a chegar na Líbia. O que aconteceu foi graças a ele, pois conhecia Sarkozy".

"Desejo-lhes a mesma coisa. Assad é um tirano como Kadhafi, temos que derrubá-lo... Minha família tem lutado por 36 anos, precisam ter coragem".

Em inglês, idioma que alguns entre eles compreendem, Bernard-Henri Lévy disse: "Nas Olimpíadas, existe uma coisa chamada a passagem da tocha. Eu quero que amanhã, em Cannes, vocês passem a tocha do que fizeram para nossos amigos sírios. Este é o significado do nosso encontro. Vocês têm a chama da liberdade, vocês vão passá-la aos nossos irmãos sírios".

Um dos dois sírios, agora um oficial dos grupos rebeldes, às lágrimas, saiu da sala. Antes de voltar para que, na tela, todo mundo visse o "Juramento de Tobruk".