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Diretor de 'Valsa com Bashir' apresenta fábula futurista em Cannes

O diretor Ari Folman  - AFP PHOTO / BERTRAND GUAY
O diretor Ari Folman Imagem: AFP PHOTO / BERTRAND GUAY

Cannes

16/05/2013 16h10

Novo filme do diretor israelense de "Valsa com Bashir" Ari Folman, "The Congress", uma fábula futurista com a atriz americana Robin Wright, abriu nesta quinta-feira a mostra da Quinzena de Realizadores no festival de Cannes.

Adaptado do romance de ficção científica "O Congresso de futurologia", do escritor polonês Stanislaw Lem, "The congress", descreve um mundo no qual os atores podem vender sua identidade.

Robin Wright ("Forrest Gump", "A Promessa"), que interpreta a si mesmo, recebe uma proposta dos estúdios Miramount para ser digitalizada e ter sua imagem explorada livremente. Ela concorda e desaparece por 20 anos, antes de voltar para o Congresso Miramount-Nagasaki, em um mundo transformado.

Surpreendentemente, o filme semi-realista, semi-animação, está dividido em duas partes distintas. A primeira, com imagens reais, cria uma imagem forte e muitas vezes bem-humorada dos estúdios americanos. Robin Wright interpreta com uma boa dose de auto-depreciação uma ex-atriz promissora de Hollywood.

Na segunda parte, escorregando para a animação, o diretor aproveita toda a liberdade deste gênero. Ele mostra uma Robin Wright animada que precisa enfrentar um universo de delírio visual, enquanto o seu avatar digital tornou-se uma heroína de filmes comerciais. A proposta agora é que seja transformada em uma fórmula química, que permitirá que as pessoas se apropriem de seu caráter.

Refletindo sobre a evolução da sociedade e do cinema na era da computação gráfica 3D, o filme utiliza uma técnica de animação diferente de "Valsa com Bashir", que disputou a Palma de Ouro em 2008.

"The congress" utiliza a técnica de rotoscopia, que se baseia no movimento real dos atores para animação. É feita a mão, em homenagem aos irmãos Fleischer, que criou Popeye, Betty Boop e o primeiro Superman nos anos 30. Vários estúdios de diferentes países (Israel, França, Luxemburgo, Bélgica, Alemanha, Polônia, Filipinas, Índia, Turquia ...) participaram do projeto.

"Passamos por um longo e sagrado percurso para desenvolver este filme de animação", explicou o diretor à imprensa nesta quinta-feira. "Você tem que ser muito estúpido ou muito corajoso para fazer isso. Provavelmente sou um pouco dos dois", brincou.

Fã de ficção científica desde a infância, Ari Folman disse ter lido "O Congresso de futurologia" aos 16 anos, e depois quando estava na escola de cinema. Ele trabalhou durante quatro anos no filme.