Filme sobre amor entre meninas e novo dos irmãos Coen são apontados como favoritos em Cannes
Dois ícones da sétima arte, Roman Polanski e Jim Jarmusch, fecham com maestria neste sábado (25) a competição oficial do 66º Festival de Cannes, na véspera do anúncio da Palma de Ouro, que pode premiar o francês Abdellatif Kechiche ou os irmãos Coen.
"A vida de Adèle", filme sobre uma paixão entre duas jovens mulheres, mexeu com o público em Cannes, que agora exige troféus para Kechiche e suas duas atrizes.
Um prêmio para esse trabalho certamente agitará a noite de domingo, enquanto manifestantes contra o casamento gay planejam uma nova mobilização em Paris, apesar da promulgação da lei que fez da França o 14º país do mundo a permitir uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Outro grande favorito, de acordo com os profissionais: "Inside Llewyn Davis", dos irmãos americanos Joel e Ethan Coen, narra as adversidades de um cantor folk em Greenwich Village nos anos 60.
Mas a lista de candidatos é longa: "A touch of sin", do chinês Zia Zhangke; "La grande bellezza", do italiano Paolo Sorrentino; "Like Father, Like Son", do japonês Hirokazu Kore-Eda; "Nebraska", do americano Alexander Payne; e ainda "Le Passé", do diretor iraniano Asghar Farhadi.
Atores na disputa
Para os atores, a lista é mais restrita, mas muitos sonham em ser recompensados duas vezes. A primeira dupla citada é Adèle Exarchopoulos, revelação do festival, e Léa Seydoux, duas atrizes que transcenderam seus papéis em "A vida de Adèle", de Kechiche.
E porque não, outro casal gay, Michael Douglas e Matt Damon, dois atores que costumam interpretar papéis viris, irreconhecíveis em "Behind The Candelabra".
Outros atores podem surpreender: o italiano Tony Servillo, rei mundano em plena crise existencial em "La grande Bellezza"; o americano Oscar Isaac, ator e músico que interpreta Llewyn Davis; ou Bruce Dern, o avô obsessivo de "Nebraska".
Entre as mulheres, as francesas chamaram a atenção na Croisette: Marion Cotillard, como uma imigrante polonesa no último filme de James Gray, e Berenice Béjo, em "Le Passé".
Vampiros em Jarmusch e portas fechadas para Polanski
Neste sábado, último dia de competição, Roman Polanski apresentou "Venus in Furs", um encontro a portas fechadas em um teatro vazio entre Thomas, diretor de teatro (Mathieu Amalric), e Vanda, uma atriz (Emmanuelle Seigner) que se apresenta para tentar uma vaga em uma peça inspirada no romance de Leopold von Sacher-Masoch, que deu seu nome ao masoquismo.
No momento em que a audição começa, Vanda, vulgar e sem cérebro, muda de maneira irreconhecível para se encaixar perfeitamente no personagem sensual, lascivo e provocante da peça. Uma relação de dominação e submissão se instala, enquanto a peça e os personagens "da vida real" se misturam em uma curva vertiginosa.
O último filme em competição é assinado por um queridinho da Croisette, o elegante diretor americano Jim Jarmusch, que "nasceu" no Festival de Cannes em 1984, onde seu primeiro "Stranger Than Paradise" recebeu o Camera d'Or, prêmio para melhor primeira obra.
Em "Only lovers left alive", o cineasta se diverte ao deturpar os códigos de filmes de gênero, neste caso, os personagens de filmes de vampiros.
Entre uma estética acelerada e uma trilha sonora incrível, o cineasta passeia seus heróis - interpretados por Tilda Swinton, um vampiro muito elegante, e Tom Hiddleston, versão impecável de um músico deprimido - por Detroit e Tânger, em uma parábola engraçada e cínica sobre o atual mundo humano e o sangue contaminado.
O festival prestará uma homenagem durante a noite para duas estrelas do cinema, a atriz Kim Novak, intérprete inesquecível de "Um corpo que cai", de Alfred Hitchcock, e o ator francês Alain Delon ("Plein Soleil" , "O Leopardo", etc.)
Domingo, como de costume, o júri se reunirá na parte da manhã para deliberar. A cerimônia de entrega dos prêmios acontecerá a partir das 19h00.
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